“Onde há o brilho do olhar de uma criança eu estou presente para levar alegria.” , palhaço Pururuca, Pará de Minas
Hoje o circo não é mais aquele. Depois que chegou a televisão, muita coisa mudou. No entanto, o palhaço continua vivo. É ladrão de mulher? Não, palhaço é ladrão é de tristeza! É mensageiro da alegria! É assim que Pururuca diz ao completar seus 35 anos de fazer graça em palcos, picadeiros, ruas de lazer, festas de aniversário na sua busca de atrair o riso dos pequenos e dos maiores também. Se ele pensa em se aposentar? Nada disso, diz ele. Palhaço morre representando. E, se puder escolher, morre num picadeiro.
Pururuca é o nome adotado por Rogério Galvão de Faria, nascido em Pará de Minas em 1956, para se apresentar nos palcos da vida. Quando menino, diz ele, o que mais gostava de ver na televisão eram as apresentações de palhaços. Havia sido tomado de encanto pela magia circense desde quando fora aos primeiros espetáculos de circo na cidade, coisa que já não acontecia com freqüência. Diz ele que seu ídolo de criança era Pururuca, um palhaço que trabalhava na TV Tupi com o pai, Torresmo e que, depois da morte do pai, trabalhou com outros parceiros e hoje atua em S.Paulo, com sua filha, a Palhacinha Pituca. O nosso Pururuca começou a treinar suas palhaçadas e truques no quintal de casa, mas que, em 1974, quando foi ao Vale do Jequitinhonha para participar de um movimento das Missões, promovido pela igreja católica e lá entrou em contato com artistas circenses, foi que ele sentiu vontade de desenvolver suas habilidades de atuar profissionalmente como palhaço.* Então, começou a ensaiar e, no ano seguinte, aos dezenove anos, num festival de sorvete realizado nesta cidade, fez sua primeira apresentação em público como palhaço Pururuca. Daí, nunca mais parou. Foi se aperfeiçoando e passou a fazer apresentações em parques de exposições, praças públicas, shows beneficentes, animação de festas infantis, semana da criança e em todos os lugares onde é solicitado. Chegou a ser convidado para trabalhar nos circos Moscou, Águias Humanas e nas Organizações Beto Carreiro, porém, como nunca quis sair de sua terra, não aceitou os convites, mesmo sabendo que poderia ser bem sucedido na profissão se trabalhasse numa boa companhia. Ficou feliz por saber, em dezembro de 2008, que uma pesquisa feita pelo Grupo de Teatro Andante, quando esse promoveu em Belo Horizonte, o “Palhaçadas em Geral – Encontro Internacional de Palhaços” e reuniu palhaços de vários continentes, que ele estava na lista dos palhaços mais antigos do país e ainda em atividade.
Em 1999, num evento realizado na Praça da Matriz, Pururuca fez uma homenagem ao primeiro e maior de todos os palhaços nascidos na cidade, Benjamim de Oliveira, e percebeu que poucas pessoas da cidade sabiam de sua história. Ao saber que Benjamim seria motivo do enredo da Escola de Samba São Clemente no carnaval de 2009, ele mencionou numa entrevista, a homenagem que havia prestado a Benjamim há dez anos e comentou: “As pessoas não conheciam sua história e até hoje continua assim. Acho que já passou da hora de Pará de Minas fazer uma grande homenagem ao artista Benjamin de Oliveira. Quem sabe agora, com esta nova formação da Secretaria Municipal de Cultura, haja esta preocupação. O que existe é somente uma rua com seu nome. Rio e São Paulo demonstram mais admiração do que a própria cidade, onde ele nasceu. Ainda bem que há quem se preocupa.”
E não é que sua luta para trazer de volta Benjamim de Oliveira para sua terra natal teve ouvidos? Naquele mesmo ano, com seu incentivo e contribuição, foi realizado pela Secretaria Municipal de Cultura, o PARABENJAMIM – 1º FESTIVAL DE PALHAÇO. Neste ano de 2010, o 2º. PARABENJAMIM foi uma grande festa na cidade e recebeu espetáculos internacionais. Na programação do festival, Pururuca levou a arte circense e a alegria do palhaço a estudantes e trabalhadores rurais da região dos Guardas, onde nasceu Benjamim e contou sobre vida e obra do nosso grande artista. Rogério diz que se sente feliz por haver se dirigido à Secretaria da Cultura para apresentar sua proposta em favor do grande artista Benjamim de Oliveira e de ter podido colaborar para que o festival fosse criado.
Para comemorar seus 34 anos de atividade artística, no ano passado, Pururuca, com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura, teve a feliz ideia de trazer à cidade o “Circo Mágico Globo” e de se apresentar no picadeiro junto com os artistas. Neste ano, no final de outubro, para comemorar seus 35 anos de palhaço, ele tomou parte no circo Mundo Mágico que retornou à cidade. Para festejar o Dia do Palhaço, no último final de semana, esteve por aqui mais uma importante companhia de circo.
Parabéns, Purucuca pela sua luta em favor do circo e pelo dia do palhaço que você celebra há 35 anos, em cada dia de sua vida de artista.
“Sou palhaço e vou seguir a minha missão até o fim e depois de, quem sabe, cumprida a minha missão na terra, uma infinidade de anjos gargalhando me levem à presença de Deus para que eu possa agradecer de joelhos e dizer: obrigado, Senhor, por ter-me feito nascer, viver e morrer como um palhaço.” (Pururuca)
* fato narrado pelo saudoso Dirceu Mendonça, da Academia de Letras de Pará de Minas, no jornal “Folha de Pará de Minas”, em 2000.