Ferreira, Ana Carolina – Pistas para criadores e possíveis arrepios: Uma experiência de formação. Santos SP – Trabalho de Conclusão de Curso submetido à Universidade Federal de São Paulo como parte dos requisitos necessários para a obtenção do Grau de Bacharel em Psicologia, 2019.
Para os geógrafos, a cartografia — diferentemente do mapa: representação de um todo estático — é um desenho que acompanha e que se faz ao mesmo tempo que os movimentos de transformação da paisagem. Paisagens psicossociais também são cartografáveis. A cartografia, nesse caso, acompanha e se faz ao mesmo tempo que o desmanchamento de certos mundos — sua perda de sentido — e a formação de outros: mundos que se criam para expressar afetos contemporâneos, em relação aos quais os universos vigentes tornaram-se obsoletos.
Sendo tarefa do cartógrafo dar língua para afetos que pedem passagem, dele se espera basicamente que esteja mergulhado nas intensidades de seu tempo e que, atento às linguagens que encontra, devore as que lhe parecerem elementos possíveis para a composição das cartografias que se fazem necessárias. O cartógrafo é, antes de tudo, um antropófago (ROLNIK, 2014, p. 23).