2º Parabenjamim e Festival Mundial de Circo

A alegria que cobriu a cidade de Pará de Minas nos dias 26 a 30 de maio, devido à realização do Parabenjamim – 2º Festival de Palhaço e Festival Mundial de Circo – Dez Anos, é algo que palavras não podem descrever. Uma multidão se aglomerou em praças, quadras, ruas, parques e escolas para assistir aos espetáculos que aqui foram apresentados. O encanto pelas artes circenses refletia nos rostinhos de crianças de todas as idades e se manifestava nas calorosas palmas diante das estripulias dos palhaços, das habilidades dos malabaristas, das performances dos contorcionistas, cantores e atores.

A segunda edição do Parabenjamim deu a oportunidade à cidade de Pará de Minas e seus habitantes de conhecer e (re)conhecer a importância de Benjamim de Oliveira no cenário histórico e cultural do Brasil. A parceria da Secretaria Municipal de Cultura de Pará de Minas com a Agentz Produções, por meio das sócias-proprietárias Fernanda Vidigal e Juliana Sevaybricker, para a realização simultânea do Festival Mundial de Circo – Dez anos em Belo Horizonte e em Pará de Minas possibilitou um intercâmbio entre artistas locais, estaduais, nacionais e internacionais que fez toda diferença para atingir os objetivos do Parabenjamim: tornar conhecida a vida e a obra desse artista da terra, propiciar aos pará-minenses contato com as linguagens do circo, fazer da cidade um picadeiro para apresentações do gênero e incentivar a classe artística local à pesquisa, à troca de informações e à busca de conhecimento.

Nesta segunda edição, tivemos vários pontos importantes que merecem ser citados numa ordem cronológica ao festival, e espero que a memória não me traia:

O primeiro, já citado acima, foi a maravilhosa parceria com a Agentz Produções, produtora responsável pelo Festival Mundial de Circo, que neste ano teve sua edição comemorativa de dez anos de realização desse magnífico evento em Belo Horizonte, que possibilitou a junção de artistas nacionais e estrangeiros em solo patafufo, com magníficas apresentações circenses por toda a cidade, com destaque especial para as realizadas no Parque do Bariri.

O segundo foi a presença de grupos teatrais locais, o Grupo de Teatro Maracutaia e o Grupo Cênico Tatu Bola, que, cada um com seu estilo, contou a vida de Benjamim de Oliveira. Um destaque especial ao palhaço Pururuca, que foi ao Distrito de Meireles, lugarejo próximo a Guardas, onde Benjamim nasceu, levar a arte circense e a alegria do palhaço a estudantes e trabalhadores rurais.

O terceiro ponto foi a presença dos grupos de Belo Horizonte: Grupo Teatro Terceira Margem e Cia da Bobagem. Ambos deram um show em áreas periféricas da cidade. A interferência que o Grupo Teatro Terceira Margem fez na principal rua da cidade, rua Benedito Valadares, mais conhecida com rua Direita, foi maravilhosa. O grupo literalmente parou a cidade com sua “Fanfalhaça”, uma clara homenagem às companhias circenses do passado que chegavam às cidades e desfilavam com seus artistas, anunciando a chegada do circo.

O quarto ponto, para muitos uns dos mais importantes, foi a presença da escritora e pesquisadora Erminia Silva, autora do livro Circo-Teatro: Benjamim de Oliveira e a teatralidade circense no Brasil, e de Juyraçaba Santos Cardoso, neto de Benjamim de Oliveira, que contracenou com o avô quando criança. As duas ilustres personalidades vieram à cidade a convite da Secretaria Municipal de Cultura para participar do Parabenjamim e receber homenagens da Prefeitura e da Câmara Municipal de Pará de Minas. As homenagens realizadas no Plenário da Câmara foram emocionantes e de suma importância para que nós, pará-minenses, pudéssemos agradecer o trabalho de Silva pelo regaste de nossa história, pela valorização de um artista da nossa terra e principalmente pelo trabalho de levantar a autoestima da nossa gente. Os dois ilustres convidados foram homenageados a requerimento do vereador Marcos Aurélio dos Santos, com uma Moção de Aplausos, dada a pessoas que contribuem ou contribuíram para o engrandecimento de nossa cidade. A cerimônia, presidida pelo presidente da Câmara, vereador Vilson Antônio dos Santos, contou com a presença de várias personalidades, estudantes, escritores, pesquisadores e políticos. A administração pública − por meio do prefeito Zezé Porfírio, do vice-prefeito Eugênio Mansur e da Secretária de Cultura Maiza Lage Barbosa − também prestou homenagens à Silva e Cardoso. Esse evento repercutiu em todos os cantos da cidade, e pareceria que o próprio Benjamim estava por aqui, tamanha a alegria que se diluía nos dias frios do mês de maio.

À escritora Ermínia Silva e ao Cardoso nossos aplausos, assobios e agradecimentos. Ecoa pelas montanhas que circundam a cidade um grande coro de vozes patafufas pedindo “bis”. Voltem o quanto antes ao nosso “picadeiro”. Não podemos deixar de agradecer aqui, também, a presença do ator e programador visual Marcelo Meniquelli, que veio cobrir o evento (como dizemos no teatro e, sendo ele ator: “Merda!”)

O quinto ponto, também muito emocionante, foi a homenagem que a Academia de Letras de Pará de Minas fez à Erminia e a Cardoso. (Leiam a matéria da colunista Terezinha Pereira publicada aqui no site titulada “Saudação à doutora Erminia Silva”).

O sexto ponto ficou com as apresentações dos grupos circenses Los Gingers , da Espanha; La Mínina, de São Paulo; e do grupo de artistas de várias nacionalidades que se apresentaram no espetáculo de encerramento do Parabenjamim – 2º Festival de Palhaço e Festival Mundial de Circo – Dez Anos. Foram momentos de muita novidade, magia, encantamento e emoção no Parque do Bariri. O parque ficou pequeno para acomodar tanta gente.   Foi a primeira vez que os habitantes da cidade viram o circo por outro ângulo, diferentemente do que estão acostumados a ver nos circos que vez ou outra passam pela cidade. Os artistas mostraram técnicas extremamente precisas, simples, bonitas, alguns números de difícil execução, sem perder o lúdico, a magia, a inocência e a arte do circo.

Mas, talvez, o que mais tenha ficado na memória de quem acompanhou esses dois festivais (unificados pela magia do picadeiro) não foi a diversidade de grupos e artistas que aqui se apresentaram, não foi o encantamento das acrobacias, dos malabares, das estripulias dos palhaços nem os momentos de alegrias e felicidades vividos, e sim o que ficou do sonho, da persistência do menino negro, que nasceu escravo alforriado e lutou contra tudo e todos para poder mostrar sua arte. Se hoje conseguimos unir tantos povos, tantas gerações, tantos grupos artísticos foi porque, num passado longínquo, o menino Benjamim começou, com um passo de cada vez, sua caminhada rumo à realização de seu sonho: o de levar arte de qualidade a todos que quisessem vê-la.  E se, de alguma maneira, pudéssemos dizer algo a ele, possivelmente diríamos: Benjamim, o Parabenjamim é dedicado a você e a sua arte.

Até o próximo Parabenjamim – Festival de Palhaço de Pará de Minas.

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