20 de setembro, 152 anos de Pará de Minas – um mês de festividades e muita arte-

terezinha_1O que sei é que, dos seres vivos, somente o homem pode fazer arte, por em prática uma ideia, expressar, com estética, sentimentos, sensações, cultura e tradição nas mais variadas formas. Antes, para anunciar o circo que chegava a cidade, cantavam: “Oh! Raia o sol, suspende a lua,/ Olha o palhaço no meio da rua.” Ou assim: “O raio do sol suspende a lua,/ Olha o palhaço no meio da rua.” Imitando “Arautos da Poesia”, grupo de pequenos poetas de Sabará, que esteve na cidade no dia 3 deste mês de setembro a homenagear Ferreira Gullar num belo evento realizado na casa do Muro dos Poetas, creio eu poder cantar: “E vejo o sol e vejo a lua, olha a arte no meio da rua.”

Artesanato é arte, representar é arte, escrever literatura é arte, fazer música cantada ou instrumental é arte, fazer graça como fazem os palhaços é arte. E mais. Desenhar, pintar, fotografar, modelar, dançar (de balé clássico e dança de rua), fazer cinema, jogar bem um futebol, … Tantas são as formas de arte… Singelas, ingênuas, populares, requintadas, sofisticadas. Tantas são as necessidades e os sentimentos das gentes sofisticadas, requintadas, populares, ingênuas ou singelas…

Pará de Minas, que hoje completa 152 anos, desde o início de setembro, tem a arte no meio da rua.”Oh! Raia o sol, suspende a lua /Olha a Paraliteratura no meio da rua. Oh! Raia o sol, suspende a lua / olha uma feira de livros no meio da rua.” De primeiro a 3 deste setembro, com a feira de livros, vieram os grupos de teatro Colibri, Maracutaia e Iluminartt; vieram nossos grandes contadores de história – Marta Morais, Jorge Faria, Alessandra Couto Paz, Maria Stela Lino, Carmélia Cândida, Marcilene Tavares . Vieram os que fazem música e encantam com palavras: Escola de Música Geraldinho do Cavaquinho, Fábio Pereira e violão, Júlio Saldanha, Ana Cláudia SSaldanha e Ana Terra com poesia e violão. Vieram os instrutores da Escola Municipal de Artes pintando com tintas e palavras. Vieram as mulheres da arte da escrita.

No dia primeiro de setembro, restauradas pelo artista da terra, Paulinho Moreira, foram apresentadas as telas dos medalhões que pertenceram à antiga Matriz de Nossa Senhora da Piedade. Quem quiser ver este belo trabalho pode visitar a exposição “Bens Culturais e Memória Preservadas”, na Casa de Cultura, até o dia 30 deste mês. Também em primeiro de setembro, durante um bate-papo com o escritor Adriano Gilbert e a ilustradora Beatriz Valdez, foi aberta a exposição “Coração Montanhês”, no segundo andar do prédio da Secretaria Municipal de Cultura.

terezinha_2“Oh! Raia o sol, suspende a lua/ olha os escritores no meio da rua!” Na segunda, dia 5, foi a vez dos autores pará-minenses. Uma hora, tinham que ser revelados. E, ao serem revelados os setenta e cinco que já publicaram livros, outros se manifestaram. “Também quero meu nome na árvore da literatura da cidade.” Assim vai crescer a árvore representativa da história da escrita de Pará de Minas, é o que se espera. A Academia de Letras de Pará de Minas, a Biblioteca Pública Professor Melo Cançado e a Secretaria Municipal de Cultura estão expondo, até o dia 4 de outubro, no saguão da Casa de Cultura, a “árvore genealógica da literatura pará-minense” (onde ainda vai brotar galhos e frutos), livros e um catálogo biobibliográfico de seus autores, resultado de uma pesquisa iniciada em 2005. (Um pedido: autores que guardam seus livros publicados no fundo do baú, autores que têm artigos, poesias, crônicas ou contos publicados em coletâneas ou periódicos, deixem sua biografia, seu currículo e uma foto na biblioteca pública. Se puderem, doem um exemplar de cada uma de suas publicações à biblioteca. Desta forma, estarão enriquecendo o acervo de biblioteca, deixando suas obras à disposição dos leitores e pesquisadores e colaborando com a escrita da história da literatura de nossa cidade. Quem souber de nomes autores não citados no catálogo, por gentileza, informe na biblioteca, que o grupo de pesquisa se encarregará de procurá-los.)

Para quem quer aprender a fazer graça, do dia 5 a 7 de setembro, o Grupo Trampulim ministrou a oficina “O jogo do palhaço”. De 7 a 11 de setembro. “Oh! Raia o sol, suspende a lua,/ Olha o palhaço no meio da rua.” Ah! Nesses dias, em que quente raiou o sol e cheia suspendeu a lua, o circo reinou na cidade e até em distritos. Foi a vez do “ParaBenjamim 3º. Festival de Palhaços” e “11º. Festival Mundial de Circo”. Dia 7, no Bariri, a “Cia. La Tal e Leandre”, vinda lá da Catalunha, apresentou o espetáculo “Démodés”: três palhaços, quase sem nenhuma palavra, encheram de riso o público do Bariri . Dias 8 e 9, Pururuca, artista de Pará de Minas que há 36 anos faz graça nos palcos e picadeiros, levou sua arte a Tavares e Torneiros. No sábado, os palhaços foram exatamente para o meio da rua. Artistas circenses de Belo Horizonte e artistas da cidade, dos grupos de “Teatro Maracutaia”, “Grupo Iluminartt” e “Rony Morais Artes Cênicas” participaram de um cortejo que saiu da praça Torquato de Almeida, percorreu a Benedito Valadares e retornou ao ponto de partida pela rua do Rosário. Expressando sua arte de representar, esses artistas levaram muita alegria e descontração às pessoas que lotam o centro da cidade nas manhãs de sábado. À tarde, no “picadeiro do Bariri” houve um espetáculo coletivo de palhaços. Sob a direção da Companhia Circunstância, o respeitável público aplaudiu diversos núcleos cênicos. No domingo, dia 11, primeiro houve um espetáculo coletivo de palhaços e, a seguir, uma fantástica apresentação do “Circo Amarillo”, da Argentina, com acrobacias, pirofagia, malabarismo e música. A propósito, você sabe quem é o “Artista Benjamim de Oliveira”? Pelo menos, já viu seu nome numa rua do bairro Nossa Senhora das Graças. Se ainda não sabe, pesquise sobre ele na biblioteca pública, no Museu Histórico e na internet. Estará conhecendo a história do primeiro grande artista nascido nesta cidade e conhecido em todo o país e no mundo.

“Oh! Raia o sol, suspende a lua,…” Dia 14 foi o dia das artes plásticas. Yara Tupynambá, consagrada artista mineira de Montes Claros, conhecida nos grandes centros do país, já expôs seus trabalhos em diversas partes do mundo: Estados Unidos, Portugal, Argentina, França, Ioguslávia, Nigéria. Tem telas, gravuras, painéis e murais espalhados por numerosas cidades. Nesse dia, Yara Tupynambá esteve presente na Escola de Artes para a abertura da exposição de suas telas e gravuras que ficará aberta ao público até 14 de outubro.

“E vejo o sol e vejo a lua, olha os corais no meio da rua.” De 17 a 25 de setembro, a música vocal tem sua vez no 3º. Circuito de Corais de Pará de Minas e Festival Internacional de Corais. Corais internacionais, brasileiros e os de nossa cidade, “Nossa Senhora da Piedade”, “Arte Nossa” e “Bittencourt” fazem apresentações em igrejas, no Bariri e em Bom Jesus do Pará.

E como a festa não pode acabar, e como a arte está no meio da rua, ainda vêm por aí Fábio Méller, Banda Falcatrua, “Os Mísseis”, “14 Bis”, Marcus Viana. No dia 25, Música no Parque, com a Banda de Música Lita Santa Cecília, Banda Musical do CAIC e Urbano Medeiros (esperamos que esteja bem de saúde neste dia, uma vez que estava hospitalizado no dia do lançamento de seu livro “Sons e Silêncio” na Paraliteratura). E ainda recital de instrumentos de sopro com os alunos da Escola de Música Geraldinho do Cavaquinho no dia 29 e no dia primeiro de outubro, “Minas em Serenata”, no Bariri.

Ainda bem. É com as mais diversas manifestações artísticas que se comemora o 152º. aniversário de nosso município. E por que com a arte? E por que será que o povo aplaude? É. Estaria certo o poeta Ferreira Gullar, quando diz que “a arte existe porque a vida não basta”; ou que “Na verdade, a arte – em si – não serve para nada. […] Portanto, se me perguntam para que serve a arte, respondo: para tornar o mundo mais belo, mais comovente e mais humano.”


Esse texto foi publicado:

jornal Diário de Pará de Minas de 20/09/2011 – página 2.

 

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