5° CIRCOVOLANTE – ENCONTRO INTERNACIONAL DE PALHAÇOS – MARIANA/MG.

Esse acontecimento não poderia ter outro nome: é “CIRCO”, porque a alma do circo é o palhaço. É “VOLANTE”, porque esses palhaços se atiram no vazio de um espetáculo a começar e são abraçados, seguros pelo público, que, como um bom portô, contribui para que os artistas intrépidos possam realizar sua maior missão: fazer rir.

É, acima de tudo, “ENCONTRO”: encontro dos artistas com o público, encontro da cidade de Mariana com ilustres visitantes de várias partes do Brasil e do mundo, encontro do sorriso com a boca,, encontro da memória com o presente, encontro da alegria com o corpo. Encontros emocionantes como, este ano, foi o re-encontro de Biribinha com Bahiaco (parceiro de Dedé Santana), amigos de infância que já não se viam a mais de 50 anos!

Também é “INTERNACIONAL” já que, pese a todas as dificuldades, os palhaços heróis organizadores do evento (Xisto Siman e João Pinheiro) conseguem trazer até a cidade palhaços do outro lado da fronteira. Este ano, os hermanos argentinos “Chacovachi”, “Carota” e os palhaços do grupo “La Patera”.

É, enfim, “PALHAÇOS”, porque para seus realizadores não importa se o palhaço use nariz vermelho ou não, se ele atua dentro do teatro, no circo ou nas ruas, se traz mais a picardia, a bufonaria ou a inocência. Os matizes dessa milenar arte, a palhaçaria, são tantos, que o mais acertado é fazer o que o Circovolante se propõe: vinde, todos! E que o público tenha a possibilidade – e a ventura – de se deleitar com cada um eles.

Assim, este ano, o evento (que nesta edição prestou merecida homenagem ao querido palhaço “Chicrete” (MG), que atuou em grandes circos brasileiros com o famoso número da “aranha”) se iniciou, numa quinta-feira, com o “inteligente e sutil humor” do palhaço Viralata (MG) e com a releitura de gags tradicionais pelo Teatro de Anônimo (RJ); seguiu, no dia seguinte, com o simpático e delicioso espetáculo da Família Clou (RJ), os tradicionais Irmãos Simões (MG), a maestria de Biribinha com sua partner Pipoca, e a picardia “callejera” de Chacovachi.

No terceiro dia, já entrando o fim de semana, começamos com uma deliciosa e emocionante conversa com Verônika Tamaoki, lançando seu CD com músicas do Circo Nerino e, mais tarde, a cidade de Mariana foi tomada, ainda mais, por mais palhaços e mais pessoas ansiosas por continuarem a experiência do “riso solto”: a alegria contagiante dos palhaços em um cortejo multi-colorido transformou a cidade histórica na capital do riso (ao mesmo tempo, diga-se de passagem, que Rio de Janeiro se fazia, com a mesma competência, capital da palhaçaria feminina com o Festival “Esse Monte de Mulher Palhaça”, organizado pelas Marias da Graça).

Voltando à primeira capital mineira, a “Princesa das Gerais”, como bem lembrou o Palhaço Picolino, por telefone, durante a apassionada e instrutiva conversa com Verônica Tamaoki, no sábado tivemos a oportunidade de, além desses deliciosos momentos com a querida historiadora, de ver o resultado do “Ateliê de Comicidade”, dirigido por Rodrigo Robleño, com os palhaços Furreca e Lamprejo (da própria Mariana), Titetê e Guimba (vindos de Belo Horizonte) e palhaça Clara (de Ouro Preto). O Ateliê é um projeto paralelo ao Festival, oferecido pelo Circovolante, e que já possibilitou a criação de 14 novos números, oferecendo toda a infra-estrutura para que tal aconteça. O Festival, assim, vai além da realização de espetáculos, se perpetua na memória e na produção de saberes e fazeres.

Mas o sábado continuou sorrindo, e a Estandarte Cia. de Teatro, lembou-nos que somos o país do futebol, com seu espetáculo de futebol em perna-de-pau. E então chegou a vez do “Cortejo de Palhaços”, talvez o momento mais esperado e, com certeza, o mais emocionante, com a presença dos homenageados Palhaço Alegria, Moisés (O Rei do Pedal) e o grande homenageado Palhaço Chicrete. O Cortejo invadiu a cidade de Mariana e espalhou a alegria em suas ruas, com a presença de mais de 100 palhaços (entre eles os jovens palhaços do Uniclown e a rápida e marcante presença de Ana Fuchs, do Rio Grande do Sul) e sob a batuta e ritmo do Samba do Pé-de-Moleque, do Grupo Circovolante.
Um imprevisto na programação mostrou que a alma de palhaço é feita de generosidade. Chameguinho, que a princípio não participaria do Festival, foi chamado às pressas para cobrir uma das atrações. Sem aparecer no folder oficial, Chameguinho veio sorridente, amigo e fez o que se espera dele e seu “Mariachi Loco” que quiere bailar: uma saraiva de gargalhadas durante todo seu show, para mais de mil pessoas presentes na “Praça do Jardim”. Ao palhaço, ao artista e ao ser humano, tiramos nosso chapéu!
E para terminar o sábado de alegria, os argentinos Carota e La Patera completaram a jornada; o primeiro, dominando uma Praça da Sé lotada, com mais de 2 mil pessoas rindo e se emocionando com as habilidades do palhaço e, logo após, o La Patera, levando o riso num espetáculo de rara beleza, com lindas imagens sem palavras realizadas pela dupla de palhaços.

Chegou o domingo, mas, antes de partir, os palhaços e público puderam assistir a Cia. Circunstância (MG), com seu novo espetáculo “De Mala às Artes”, um espetáculo que usa a linguagem dos palhaços para contar histórias de Pedro Malasartes. Depois, números do Palhaço Alegria e de Moisés, o Rei do Pedal. Logo após, entrou em cena o eterno Trapalhão Dedé Santana com a companhia de Bahiaco. O Grupo La Mínima (SP) trouxe seu elétrico “Reprise”, mantendo o público animado mesmo com a chuva e a longa jornada de palhaços.

O 5° CIRCOVOLANTE – Encontro de palhaços, terminou sua jornada ao ritmo da Banda Osquindô, que apresentou um delicioso espetáculo musical que trazia releituras de conhecidas músicas infantis, num ambiente circense colorido, mágico e contagiante.

Bom, contagiante mesmo foi a emoção vivida nesses quatro dias de festival. Impossível transmitir, por palavras, toda e cada emoção vivida aqui na terra das Gerais. Impossível descrever a alegria do público, as lágrimas da memória.
O único que posso deixar a vocês são duas dicas: vejam as fotos do Festival no site do Circovolante – e não percam a próxima edição do Encontro de Palhaços, em Mariana, no próximo ano. Preparem suas dentaduras, porque o sorriso, em Mariana, tem todas as formas, sons e cores!!!

E, para quem não teve a mesma sorte que eu tive ao participar desse Encontro, abaixo segue um link com fotos, comentários e “otras cositas más”!

http://circovolante.wix.com/encontrodepalhacos

Parabéns, Circovolante – e muito obrigado por manter ao dia a alegria da palhaçaria!!!!

Related posts

Homenagem a Walter de Almeida

circon

Provocação para transformação

circon

O ensino de Arte Circense no Brasil: Breve histórico e algumas reflexões

circon