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Nem 8, Nem 80!

Olá amigos da ENC!

Como a maioria já sabe, sou aluno formado na escola no ano de 2009! Comecei a frequentar nossa instituição no ano de 2001, fazendo o curso de férias, que era uma oportunidade incrível durante as férias de julho para se trocar experiências: alunos em formação ajudando os professores a ensinar todos aqueles que se inscreviam no curso e pessoas que nunca tiveram contato com o circo tendo a oportunidade de passar todo o mês de férias aprendendo a nossa tão maravilhosa arte!

E foi assim que me apaixonei, vendo a união que havia ali dentro e apesar de ser uma escola, como as relações eram bem intimistas e familiares! Já em 2003, entrando para a graduação, conheci amigos como Lucas Moreira, Ana Coll e Daniel Elias, que vinham de São Paulo para cursar a Escola Nacional de Circo – ENC e, como eu, já entravam na escola com uma idade, para a época, digamos era avançada…23 anos! E foram eles que me fizeram notar que eu era um agente político, ao contrário do que sempre praguejava: ODEIO POLÍTICA!

Devido a esse encontro e a minha veia natural social e, porque não dizer agora, política, me tornei parte integrante do Grêmio da ENC e, ao contrário do que vem sendo dito para os novos alunos e para os novos integrantes do grêmio, NÃO, NÓS NÃO TÍNHAMOS O INTUITO DE NOS PROMOVER SENDO DO MESMO (e se alguém algum dia fez isso, equivocou-se por completo e essa situação não deve ser generalizada como a única forma de ação dos grêmios anteriores da ENC!!!!!!!!!!). Mas, tínhamos SIM o intuito de tentar resolver problemas que toda e qualquer escola pública ou particular possa vir a ter.

Enfrentamos trocas de lona e greves da cultura o que nos fez permanecer na ENC por 6 anos! Numas dessas greves, inclusive, lutamos com afinco pelo plano de carreira e aumento de salário dos professores, bem como, pela manutenção dos nossos treinos durante a época da greve (o que pode ter parecido evasão de greve, mas para nós era só uma tentativa de continuar fazendo o que amávamos mesmo apoiando todas as reivindicações da cultura!). Fomos para Brasília junto aos funcionários públicos da cultura e marcamos plantão em frente ao Ministério do planejamento na tentativa de chamar atenção para o circo e as outras artes!!! Mas, como não depende somente de nós, mais uma vez foi só mais uma tentativa!!! Conto essa história para mostrar que não sou um alienado, revoltado com as situações atuais (?????) da ENC, e que só quer botar lenha na fogueira… como alguns de nossos colegas tem feito em relação ao caso de muitos alunos estarem sendo barrados na porta na NOSSA escola!

Primeiramente, devo dizer que como a maioria, fico muito triste de não ter mais o acesso livre como de costume. Na minha época e na da maioria dos ex-alunos o âmbito Nacional de Circo era bem familiar, como manda a tradição circense! Afinal de contas, pelo o que conta meu amigo e mestre, Luiz Olimecha, a intenção de se fazer essa Escola era propagar a tradição circense colocando professores, filhos e pais de famílias de circo, para ensinar a quem estivesse interessado!!! E, portanto, assim era o comportamento social da ENC até pouco tempo atrás.

Nossos “velhinhos” nos tratavam mesmo como filhos, netos… e o acesso a ENC de ex-alunos era como se fossem esses mesmos filhos e netos vindo visitar seus familiares! A maioria passando por períodos curtos na cidade, pois já tinham suas vidas profissionais em andamento. E ali, era permitido uma troca de experiências inigualável, entre mestres, formandos e nós em formação que, com olhos atentos, observávamos e extraíamos o melhor daqueles que já haviam saído de lá. E assim estabelecia-se uma relação afetiva que preenchia nossas vidas de uma maneira acolhedora e sem distinções! Mesmo quando me chamavam de “gafanhoto das pernas tortas”, rs, eu sentia o amor!

Mas, é claro, que a tradição não é feita só de glórias e romantismo! Todos nós circenses, que passaram ou estão na Escola, sabem da resistência que há em aceitar o novo. Lembro que fiz um número de trapézio triplo com dois amigos, vestidos de maiô, numa performance de nado sincronizado…e como foi criticado por alguns dos nossos professores, por serem três homens vestidos de mulher no trapézio! E não é só de estética e estilo de apresentação que estou falando, também existe a resistência em aceitar novas normas de segurança e novos sistemas de montagem de aparelhos aparentemente mais seguros e modernos!

Para alguns de nossos mestres era praticamente uma afronta dizer que nós sabíamos ou tínhamos trazido de fora um jeito mais seguro de dar um nó ou de montar um aparelho…ou até mesmo de lonjar alguém! E, com isso, se dificultava a entrada da Escola para a nova geração de segurança ditada pelas grandes escolas europeias e é claro, pelo sistema de segurança de trabalho em altura mundial!

Acredito que a maioria de nós, circenses, sabemos a importância de se reciclar frequentemente em relação a segurança no trabalho! E isso para os tradicionais, era dizer que eles estavam ultrapassados, e que me desculpem todos os meus mestres, estavam mesmo!! E muitos ainda estão! Pois continuam com a relutância contra a necessidade de reciclagem de todo e qualquer profissional! Esses mestres ensinam coisas que só eles podem ensinar, quero que fique claro que isso não é uma crítica negativa e determinadora de caráter de nenhum deles!!! (para os faladores de plantão). Como também disse minha querida mestre e amiga, Ana Christina Olimecha, foi com eles ali na ENC que eu aprendi a ser gente! Mas, ninguém nesse mundo é só qualidades, concordam?!?!?

E foi por essas e muitas outras, que entendi a necessidade da Escola Nacional de Circo se adequar a padrões de uma instituição de ensino, independente do que se ensina! E é claro, que não quero levantar aqui a questão “reconhecimento do MEC”, pois isso já é outra história! Estou só querendo enfatizar que a Escola precisou e precisa se modernizar, ou como bem disse, um colega esses dias, se “contemporanizar” (se é que essa palavra existe!), pois o “moderno” já é ultrapassado, rs.

É fato que entendemos a adoção de novas medidas em relação a segurança, não só nos treinos, mas no acesso a pessoas na Escola. Não queremos que tudo seja resolvido no bom e velho jeitinho da “gambiarra”, isso já não nos serve mais!!!! Apesar de, como muitos de vocês, eu também adorar o fato de poder resolver os problemas que surgem em cima da hora, com algo que os velhinhos nos ensinaram com tanto carinho! Mas, não podemos ficar só na emoção! Cabos de aço velhos e enferrujados, redes de vôos re-re-re-recosturadas, mosquetões da década de 1990 e falta de manutenção de aparelhos, não podem ser permitidos numa Escola que é a única federal do nosso país, nem em qualquer outra escola de menor peso!!!!! Os tempos são outros!

E nós entendemos, sim, isso! E também entendemos que devido a situações ruins de roubos que aconteceram e que, cá entre nós, sempre aconteceram na Escola, deve-se sim repensar como que se faz o acesso a ENC!!! Quem pensar um pouco melhor, vai entender que essa situação não se dá do nada no nosso circo!!! Existe uma nova direção e novos pensamentos que não vêm só de cima! Quem nunca ouviu dizer dos alunos antigos o seguinte: no nosso tempo tinha muito mais acrobacia!! Hoje é só aéreos….e agora parada de mãos!!!

Enfim… isso é só pra mostrar que a mudança é inerente ao ser humano! E elas se fazem necessárias todo o tempo. Não quero defender nem um nem o outro lado e, longe de mim, ficar em cima do muro! Quero defender o bom senso! Não adianta, queridos colegas, culpar pessoas que estão fazendo seu trabalho, como os guardas, por exemplo, que nunca viram a cara da maioria de nós ex-alunos, eles não são obrigados a saber quem é Celso José, quem é Raoni Pereira Morales (Só exemplo tá Raoni?!) ou quem é Aline Figueiredo (essa foi uma direta Aline, mas você sabe que eu te amo mesmo assim e entendo a fúria que ficamos ao sermos barrados na porta da nossa casa)!

E também não podemos culpar a coordenação ou a nova direção, sem ao menos tentar entender o que realmente está acontecendo! Não adianta, como bem colocou nosso atual presidente do grêmio, Alexandre Santos, alguém que está lá fora do País, ver aqui no facebook a polêmica e começar a esbravejar sem ter a menor noção do que está acontecendo! Porque assim se cria um vai e vem de informações sem precedentes que de longe resolvem a situação!

Quero deixar bem claro que a possível medida adotada em relação a entrada na Escola, não me agrada nem um pouco! Não ouvi da boca da coordenação, nem da direção ainda, mas parece que vão eleger um dia para visitação! O que eu considero um absurdo! Mas, mais do que polemizar.. venho pedir a todos vocês meus colegas, que realmente estão incomodados com essa situação ou que passaram por esse problema de não conseguir entrar na ENC, que pensemos juntos, como outros já propuseram, numa carta, num movimento ou qualquer coisa do tipo.. Que mostre a nossa vontade como artistas profissionais de resolver essa e outras situações maiores da Escola! Podemos propor uma solução que seja boa para segurança da nossa casa e que também seja boa para todos nós que queremos manter pelo menos, um pouquinho o caráter familiar da nossa instituição!

Não podemos deixar que nossa escola vire um lugar de insatisfações, de acesso restrito, de ditaduras… Não concordo em ter que mandar um e-mail para poder entrar na escola, e acho que vocês também não!!! Não concordo em só poder ir na Escola as terças, quartas ou quintas-feiras!!!! Mas concordo, sim, que a Escola deve se organizar e achar um meio termo entre o lugar dos nossos corações que nos enche de alegria, nostalgia, amor e que sempre nos recebeu de braços abertos e o lugar sério, institucional, da rede pública que independente da forma com que somos olhados por nossos governantes, seja um exemplo de formação profissional circense com tudo de melhor que uma escola pode nos oferecer!

E isso meus amigos, não depende só de quem está em cima, depende como sempre disse e sempre direi, da gente não pensar só no nosso número e no nosso treino. Quando vocês saírem da Escola, vão se decepcionar como o mundo aqui fora é um mundo cão!!! Cheio de incertezas e pilantras querendo tirar o pouco que cedem para gente!! Então comecem a se politizar e a tentar fazer a diferença agora! Intercedam pela ENC, participem das reuniões do Grêmio, deem suas opiniões, escrevam suas ideias, façam manifestações no Edifício Capanema, onde se localiza a Funarte, sei lá..reajam, aprendam a reagir desde agora…

Pois, a meu ver, é muito feio chegar lá na Escola e ver geral só apontando o dedo e não fazendo nada para resolver, não deixando seu treino nem um cadinho de lado para reunir o povo e tentar mudar algo de verdade!! Mas enfim. Essa é só a minha opinião! Estou aqui me propondo junto com todos alunos e ex-alunos e afins, a sentarmos e discutirmos esse pequeno problema e outros tantos para melhorar a situação da nossa Escola. E, também, iluminar as ideias de quem está chegando agora, desde a direção até os novos alunos!

Lembrando que, sei que a nova direção vem lutando pela cultura faz tempo e conhece nossa instituição há mais tempo que muitos de nós… Mas, precisamos sempre nos colocar na posição do outro para entendermos bem as coisas.. espero que seja possível para nossa direção fazer isso e que seja possível que nós possamos fazer o mesmo!!! Pois acho que assim chegaremos a algum consenso que satisfaça minimamente ambas as partes!
Deixo aqui meu relato, minha ideia, minha reivindicação, meu amor, minha solidariedade e minha vontade…vontade de que a nossa Escola ande pra frente! E que a gente possa em breve olhar para trás e nos sentirmos agentes modificadores e estimuladores da nossa cultura!!

GRATIDÃO (piada interna) rsrs!
Axé galera!!

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