Engravidando Palavras: o Caso da Integralidade

Engravidando Palavras: o Caso da Integralidade

Emerson Elias Merhy (1)

Pedir emprestado o olhar do outro para o seu
                                                                                                                               olhar é o método, o resto são ferramentas.

1. Introdução

Este texto é devedor da minha fala no Congresso da Rede Unida, que ocorreu em Belo Horizonte, em julho de 2005, e para o qual fui convidado para dar uma conferência sobre integralidade na formação e nos serviços de saúde. Vinha já atuando nesse evento desde as oficinas pré-congresso e estava bem estimulado, pelo coletivo da oficina, a tratar do tema das nossas implicações no cuidado, que fazemos como trabalhadores de saúde, apontando para a necessidade de colocar em xeque o lugar de onde falamos e atuamos: os núcleos das profissões. O interessante disso é que, no meio dessa conferência, houve quem me interrogasse sobre essa questão, como um incômodo ou mesmo uma impossibilidade para ousarmos outros modos de agir em saúde. Sem querer dar conta de tudo que isso possa significar, neste material, procuro dialogar com essa situação.

2. Desenhando o Problema

Talvez uma das piores coisas que podem nos acontecer é fetichizarmos as palavras, como se elas pudessem em si ser portadoras de sentidos e significados sem os sujeitos que lhes dão recheio. Nós é que engravidamos as palavras.

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