Artigos

A história do circo, na Internet

Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde

18 de abril de 2006

Artistas e fãs contam experiências do site do Pindorama Circus

É só sair perguntando pelo Largo do Paissandu que algum morador antigo vai saber: desde os anos 20, a região é ponto de encontro do pessoal do circo. Empresários, palhaços, acrobatas, mágicos costumam reunir-se por ali nas tardes de segunda-feira. Ontem não foi diferente. Artistas e fãs de circo, de várias gerações, se encontraram na Galeria Olido não só para reviver histórias do picadeiro como para conhecer a nova versão do www.pindoramacircus.com.br – site cujo objetivo é resgatar na internet a memória circense e debater temas como o veto ao uso de animais e a possibilidade de o circo virar item do patrimônio histórico.

“Acho maravilhoso contar a magia do circo na internet, porque vai ficar para sempre”, diz o equilibrista Mister Joy, de 81 anos, famoso até hoje como o único artista que conseguia sustentar o peso do corpo no dedo indicador. A seu lado, Roger Avanzi, de 83, o palhaço Picolino II – o primeiro foi seu pai – também mostrou entusiasmo com a iniciativa. “A importância que o rádio tinha antigamente para divulgar o circo foi agora em parte substituída pela internet.” Os dois foram colegas no famoso Circo Nerino.

O novo site do Pindorama Circus permite a internautas contar histórias do universo circense – como artista ou platéia -, reviver a primeira vez no picadeiro, analisar espetáculos e ter informações sobre escolas, cursos e projetos. Uma das coordenadoras, Verônica Tamaoki conta que ele pretende também ajudar a mapear o universo circense no País. Ela estima que haja em atividade no Brasil pelo menos mil circos itinerantes e de 15 mil a 20 mil artistas. “É importante para qualquer política do setor”, explica. “Circenses sempre contaram suas histórias e o que queremos é passá-las à linguagem virtual”, diz Erminia Silva, outra coordenadora.

O site promete oferecer estudos sobre o tema e ainda informações sobre o 27 de março, escolhido como Dia Nacional do Circo em homenagem à data de nascimento do palhaço Piolin, personagem imortalizado por Abelardo Pinto (1897-1973). O artista, por sinal, que dá nome a rua no centro de São Paulo e trabalhou anos num circo no Largo do Paissandu, merece, com tantos outros, distinção no Pindorama.

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