Silva, Erminia – “Arthur Azevedo e a teatralidade circense”. In: Revista Sala Preta, do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Escola de Comunicação e Artes da USP. nº 6, 2006, ISSN 1519-5279, pp. 35-44.
Em 20 de agosto de 1893, uma nota no jornal O Paiz (RJ) mexeu com a imprensa carioca: “O teatro S. Pedro de Alcântara [atual João Caetano], depois que acabar a série de récitas da companhia do D. Maria II, transformar-se-á em circo”. A nota acrescentava que a direção seria do clown Frank Brown.
Devido à Revolta da Armada, que só se encerraria em março de 1894, aquela estréia anunciada não ocorreu. Com o fim da Revolta, a Empresa Emílio Fenandes & Co., companhia equestre, estreou naquele Teatro em 27 de abril. Em letras garrafais, informava que o São Pedro seria transformado, pela primeira vez, em circo, destacando a atriz/equestre Rosita de La Plata.
Não era a primeira vez que Frank Brown vinha ao Brasil, e nem que se apresentava em um teatro. Em 1876, junto com a família argentina dos Podestá, havia se instalado no então Teatro Imperial D. Pedro II (Gazeta de Notícias, 13.06.1876). Entretanto, a novidade era a de se apresentar no Teatro São Pedro e transformá-lo em circo.
A primeira menção à estréia foi de Arthur Azevedo, que, apesar de não tê-la assistido, escreveu em sua coluna Palestra, na primeira página do jornal:
A cidade reanima-se. A pouco e pouco vai se desvanecendo a sinistra lembrança dos bombardeios e tiroteios que ainda há dois meses nos sobressaltavam.
Espero que a companhia equestre do S. Pedro de Alcântara venha consolar definitivamente o Zé-povinho, que é doido por peloticas, e dá mais apreço a Rosita de La Plata que à própria Sarah Bernhardt. Entretanto, para os espíritos mais refinados aí está o Mancinelli, com uma companhia lírica de primeira ordem (O Paiz, 28.04.1894).