Artigos

Caipira no picadeiro

Caipira no picadeiro – Pouca gente sabe, mas muito do que um dos mais famosos personagens do cinema brasileiro fazia para cativar seu público teve origem no circo

Por Thais Jorge – publicado em 13/04/15 em

 http://correio.rac.com.br/_conteudo/2015/04/metropole/251067-caipira-no-picadeiro.html

O jeitão do típico trabalhador da roça brasileiro, representado por meio de diálogos, gestos e expressões, revelava muito mais do que um personagem que se tornou símbolo de talento e sucesso. Era, também, o retrato de um artista completo, que teve sua base construída, como poucos sabem, debaixo das lonas do circo. Amácio Mazzaropi, que, entre suas mil faces deu vida ao Jeca Tatu, é um filho do mundo mágico circense que levou consigo essa paixão até o fim da vida, inspirando e alterando a forma de se fazer arte, tornando-se um ícone e, consequentemente, objeto de pesquisa.

mazzaNo mês em que é comemorado o aniversário de nascimento de Mazzaropi, a Metrópole conversou com o jornalista cultural e pesquisador de teatro Tiago Gonçalves, que participa do Programa de Pós-Graduação Artes da Cena, do Instituto de Artes (IA) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A pesquisa dele é exatamente sobre a influência da teatralidade circense na construção da filmografia caipira do comediante. “É uma herança dele como artista sobre a qual se fala muito pouco e, na verdade deveria ser o oposto, pois o circo teve uma importância muito grande na carreira do Mazzaropi e foi decisivo para sua construção artística”, argumenta Gonçalves, que conheceu o ídolo depois de assistir Jecão, Um Fofoqueiro no Céu, na casa de sua tia-avó. “Fiquei encantado com aquilo, e comecei a assistir tudo. Tinha uns 12 anos na época”, conta.

Gonçalves explica que o circo funcionou, inclusive, como termômetro para os textos e as falas de Mazzaropi no próprio cinema. Para o jornalista, a grande dificuldade de sua pesquisa está na falta de material e da memória oral, uma vez que muitos dos que contribuiriam com ela já morreram. “Cada registro encontrado, portanto, torna-se uma raridade”, conta. Oara brindar ao artista Mazzaropi, ele nos cedeu contatos de pessoas que conviveram diretamente com o comediante no universo do circo, inclusive aqui em Campinas.

Influência

“Essa polivalência do artista circense Mazzaropi levou para o cinema e para tudo o que fazia. Tanto é que ele é 4 quem fazia desde a produção até a distribuição dos filmes. E cobrava essa polivalência de toda a sua equipe”, conta Gonçalves.
Para o jornalista e pesquisador, a formação artística circense, por ser plural, torna o artista muito completo. “Acredito que o artista de circo é criado dentro de inúmeras possibilidades e tem um contato bastante próximo com as pessoas, recriando diariamente a si mesmo para sobreviver. Isso traz uma bagagem muito positiva”, opina. Sobre a paixão do eterno Jeca pelo picadeiro, parece ser assunto indiscutível. “Ele levou o circo consigo a vida toda. Até quando estava doente, depois de todo o sucesso no cinema, continuava a fazer seus shows. Era parte dele”, define Gonçalves. [CONTINUA…]

CLIQUE PARA LER ESTE ARTIGO NA ÍNTEGRA

Créditos e legenda da imagem: Mazzaropi e artistas do Circo Teatro Índio Brasil, em 1969: amor pelo picadeiro – REPRODUÇÃO / ARQUIVO PESSOAL FAMÍLIA AUGUSTO

Related posts

O Circo e o Congresso

circon

De cor e salteado: oralidade e memória do circo

Daniel Lopes

A pedagogia do prazer na formação de palhaço (pdf)

Silva

Leave a Comment