História – Movimentos e Políticas Sociais Negros.
Palavras-Chave: Movimento Negro, Teatro, Cidadania.
Resumo:
A presente pesquisa tem como objetivo analisar e compreender as lutas e os projetos antirracistas do TEN. (Teatro Experimental do Negro) que desenvolveu a construção de uma identidade nacional dentro do teatro contribuindo para a formação do ator negro no Brasil, resgatando valores étnicos e identidades afro-brasileiras através da arte e educação. Este artigo faz uma revisão bibliográfica, se utilizando de livros, artigos, sites de internet, material iconográfico, literatura dramática, fazendo uma perspectiva sobre os movimentos de lutas sociais negros em favor aos direitos raciais e étnicos no Brasil que vem ganhando espaço no cenário político social, tendo seus focos em vários campos de estudos para tentar compreender a formação do racismo e suas ações, como também, as práticas realizadas pela companhia do TEN. – Teatro Experimental do Negro que dinamizaram e criaram oficinas de arte (História da arte, interpretação), cursos de alfabetização que promoveram uma maior integração entre o negro, a política e a arte. Para esta análise teremos como ponto de partida a seguinte indagação: São racializadas as relações sociais no Brasil?
Esta questão vai sendo discutida dentro da pesquisa, analisando as razões dos processos de reivindicações dos movimentos sociais em torno de políticas de ações afirmativas: leis de cotas nas universidades e o estatuto da igualdade racial.
Introdução:
Pensar as relações raciais no Brasil em uma expectativa histórica é um caminho interessante para entender as relações sociais realizadas no Brasil.
O Objetivo da pesquisa é desenvolver um estudo de como se deu a construção e a formação do artista negro no Brasil, que caminha juntamente com projetos e movimentos contra o racismo no país criando conceitos e identidades, sendo que os conceitos raciais e identidade negra e democracia racial ainda precisa ser ampliada através de estudos sobre como esses conceitos foram construídos na democracia racial de apropriação do conceito ao longo da história e os limites da aplicação desse conceito. É tese que a desigualdade racial brasileira tem fortes raízes históricas. Através da história de uma das mais importantes associações negras do século XX, O TEM que surgiu como uma organização ligada às lutas anti-racistas e de luta pela ampliação da cidadania afro descendentes no Brasil. No contesto dos anos de 1940, com os limites da conjuntura política onde crescia a refutação ao conceito de raça biológica desde nos anos iniciais do século XX. O conceito de raça foi uma construção histórica com raízes no processo de emancipação dos escravos. O problema da cidadania e do pertencimento político torna-se crucial no processo de emancipação dos escravos, as polarizações entre exclusão política/cidadania no imaginário e no contexto dos debates iluministas na Europa e na América alimentam um sonho de igualdade.
Pensar a cidadania nas sociedades pós-emancipação é tentar entender como se deram as disputas e os significados de cidadania após experiência escravista no império português na América e no Império Brasileiro.
No mundo colonial português foi fundamental para o imaginário dominante a concepção de cunho biológico.
Na constituição de 1824 são suspensas as relações aos descendentes sanguíneos de africanos.
No entanto, as limitações ao direito de cidadania, formas de hierarquização e classificação de identidades racionalizadas tiveram como resposta o surgimento de diferentes formas nativas no Brasil.
Entre o período final da escravidão e o Estado Novo houve o surgimento de lideranças e associações negras, narrando o surgimento do movimento negro brasileiro.
Três correntes de estudos marcaram o processo da construção de um campo de estudos sobre a identidade negra, relações raciais e conceito de raça na sociedade brasileira:
1º Raimundo Nina Rodrigues e Arthur Ramos
2º René Ribeiro e Roger Bastide
3º Gilberto Freire
Em 1960 Florestan Fernandes denunciava a idéia de democracia racial divulgada por Gilberto Freyre como mito.
Na década de 1980 a tese da democracia racial tornou-se alvo do movimento negro, sendo identificada como falsa realidade e de uma ideologia de cunho racista.
Por outro lado, na década de 1990 historiadores e cientistas sociais apontavam que o ideário da democracia racial é um mito fundador da racionalidade brasileira, não é falsa nem ilusória, mas é um conceito forjado para minimizar e/ou evitar preconceitos.
Para Antônio Sergio Guimarães foi comum entre os intelectuais brasileiros entre 1937 e 1944 usar essa questão de democracia racial para como um conjunto de crença que atribui a ausência de preconceitos na sociedade brasileira.
O compromisso contra a apropriação de ideologias racistas e da divulgação destas uniu vários intelectuais, em torno do “manifesto dos intelectuais brasileiro contra o preconceito racial em 1935”.
Tal manifesto teve assinatura de Arthur Ramos e Gilberto Freyre.
Se Gilberto Freyre reconhece que é preciso agir contra a disseminação do racismo por que não existe democracia étnica, também Arthur Ramos reconhece a presença de práticas racistas e das possibilidades de estudos sobre as populações e cultura social brasileira. E dá o seu apoio a associações como o TEN.
O TEN. surgiu de um amplo arco de aliança constituído de intelectuais, sociólogos, historiadores, jornalistas, atores e dramaturgos e estrangeiros envolvidos na lista internacional de combate ao racismo, promovendo no campo das artes cênicas a valorização positiva de atores afro descendentes, em luta por espaço e visibilidade positiva nos palcos e na sociedade brasileira. Essa visibilidade era para que o ator negro pudesse interpretar personagens que tinham como características a cor negra e que muitas vezes eram interpretados por brancos brochados de preto, o negro apenas aparecia nos palcos para interpretar personagens folclóricos e pejorativos.
Os encontros da companhia (TEN) aconteciam no prédio da UNE na praia do Flamengo em 1944.
Materiais e Métodos:
Para obter um melhor desenvolvimento da pesquisa serão utilizadas bibliografias referentes a grupos e movimentos sociais e de caráter de pesquisa teatral que tem como foco a arte como forma de protesto e denuncia, depoimentos de artistas que trabalharam nesta ação cultural que modificou o cenário político cultural brasileiro, recortes de jornais, revistas referentes a matérias e críticas sobre este movimento negro, criando assim uma trajetória e questionamentos sobre a atuação do negro e a mudança cultural realizada no Brasil à partir de 1940 a 2000, materiais iconográficos e a metodologia do gesto onde através do material iconográfico poderemos observar como o artista negra era representado em outras peças e como ele vem para quebrar certo conceito de afro descentes e negros.
Já que a Arte cênica foi a principal atividade do TEN., porém foi à única a trajetória do TEN. juntamente com o maior ativista Abdias do Nascimento. Este grupo tem como foco os paradigmas e as concepções ideológicas que orientam a atuação dos movimentos negros brasileiros afro centro.
Através do Levantamento de aspectos históricos da atuação de intelectuais negros, mas nem sempre estes intelectuais estavam ligados a organizações de congressos e conferências sobre as condições das populações e culturas de origem africana, tendo alguns congressos sido realizados em:
RECIFE 1934 – 1º Congresso Afro-brasileiro
RIO DE JANEIRO 1950 – 1º Congresso do Negro Brasileiro
1949 1º Conferência do negro brasileiro
Estes congressos debatem a construção e apropriação em termo das nações de harmonia étnica e democracia racial em sua prática.
Resultados e Discussões:
Através da proposta apresentada pelo movimento teatral formado por negros na década de 1940 podemos analisar e discutir a formação de uma política racial voltada para o negro e a arte da militância, onde neste período o teatro nacional brasileiro sofria fortes influências do teatro português, sendo apresentado em nosso país um teatro/ópera que reafirmava valores e ideologias centradas no discurso dominante e no mito de uma democracia racial após a libertação dos escravos. Dentro desta pesquisa não podemos nos esquecer que em de 1970 surge frente do teatro militante seguindo a raiz do movimento negro, onde o teatro negro dentro da sua esfericidade quebra padrões e ideologias construindo no cenário político cultural uma arte que se fazia pensar sobre as dores e o cotidiano de ser negro. Não era intenção do TEN. Tornar a companhia de teatro num grupo que buscava afirmar os valores africanos ou até mesmo da própria África, mas discutir e expor os problemas acontecidos dentro do Brasil e como este processo histórico estava reafirmando valores e culturas.
Conclusões:
Podemos concluir que os movimentos de cunho raciais no Brasil, mesmo com toda a sua luta e questionamentos sobre o direito racial e suas práticas sociais para tentar reafirmar sua identidade conseguiram conquistar pequenos espaços como: Leis, cotas, participações políticas, entre outras fomentações que valorizem a cultura afro-brasileira, mas ainda a muito que se descontruir para se construir, se analisarmos a época da formação destes movimentos aos dias atuais podemos ver ainda que passos lentos este processo de luta por uma igualdade racial, que mesmo dentro das escolas, locais de trabalhos, artísticos, ainda para negro é uma luta buscar seu espaço.
Referências:
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Universidade Estadual do Paraná – Campus Paranavaí/ Departamento de História