“Para se fazer teatro é necessário: um palco, um ator e uma paixão” – Petter Brook
Há muito tempo, ouvi numa convenção de circo o conceito: Espetáculo Polifônico. Na realidade foi na Convenção Brasileira de Malabares e Circo que aconteceu em São Leopoldo – RS, um palhaço-amigo, explicou-me:
“espetáculo polifônico, meu caro, é quando o texto, a direção, o ator, a sonoplastia, a iluminação estão em perfeita harmonia, ou seja, várias vozes em um só corpo. Uma orquestra tocando uma única sinfonia, todas equânimes…”.
O Incansável Dom Quixote, espetáculo que se apresentou em Paranavaí – PR no tão querido Teatro Municipal Dr. Altino Afonso Costa, deixou a plateia sem fôlego. A adaptação do texto de Miguel de Cervantes, quem assina é Maksin Oliveira com direção de Reynaldo Dutra e iluminação de Pedro Struchiner. Uma trupe incansável e com muitas variedades cênicas…
…mas, voltando ao conceito polifônico, Quixote, é a materialização deste conceito, uma direção impecável, com uma sonoridade na dramaturgia, que aos poucos vai fisgando a plateia a acompanhar a trajetória deste herói e seu fiel escudeiro. Movido por uma paixão contagiante, o Ator Maksin Oliveira narra a sinfonia e embriagados de amor nos permitiram caminhar entre as narrativas e as reflexões cotidianas. A direção com suas decisões precisas e como diria o diretor austríaco Petter Hosqueir “mais que dirigir, o diretor tem que decidir e decidindo mostra a pessoa que é…” E se posso comentar sobre Dutra é que além de dirigir e decidir é uma pessoa magnífica e cheia de variedades… O espetáculo também conta com o recurso de luz do nosso talentoso Pedro Struchiner que sem titubear tempera a cena esteticamente dando uma plástica visual sublime, desse modo, direção, atuação e iluminação tocam sua sinfonia…
Risos, choros, reflexão, o espetáculo acabou com o gostinho de quero mais, posso dizer que a Magnífica Trupe de Variedades será para sempre a minha Dulcinéia, espero um dia poder encontrá-la e dizer: “O sonho é o alívio das misérias, por onde ele passa sempre planta uma flor” – Miguel de Cervantes.