DEPOIMENTOS Artistas da Trupe Circus da EPC – participantes do espetáculo Charivari Arte Negra Circense – no Dia da Consciência Negra 20 de novembro de 2020
Larissa Beatriz (Artista da Trupe Circus e Monitora de Acrobacias de Solo, Aéreas e de Molas):
Para mim, participar do espetáculo foi bom por estar representando outras negras e outros negros, pessoas que, assim como eu, sofrem com o racismo.
Na hora me passou um filme de tudo que eu já passei por ser negra e pelo que tantos outros passaram e ainda passam. E tipo, o que gritou mais forte foi o acontecido no Carrefour, um dia antes do Dia da Consciência Negra no Brasil. Fiquei pensando, tem o Dia da Consciência Negra, mas nem no dia isso é respeitado, se bem que deveríamos ser respeitados todos os dias!
No momento em que eu estava fazendo a Lira eu não consegui sorrir. Por mais que eu estivesse realizada por estar ali, mas o “filme” não saía da mente e para mostrar que tudo o que estava levando para o público é muito sério.
Mas, enfim o espetáculo me trouxe lembranças não boas e me deixou muito pensativa sobre o que comemorar num dia como hoje!
Bruno Luna (Artista da Trupe Circus e Educador de Malabares e Equilíbrio):
A estrutura racista foi criada de uma maneira muito forte, deixando apenas brechas no seu sistema, para povos fugirem e lutarem pela igualdade.
Nessa luta quero estar até o fim! Fiquei muito emocionado, fui representado e me senti realizado ao ver meus amiges negros e negras se apresentarem com nossa arte circense (também marginalizada), mostrando todo seu potencial, sua força, sua inteligência, sua raiz cultural e se empoderando de tudo.
Muito bom ver que não temos mais medo de ser os protagonistas de nossas próprias vidas negras!
Matheus Marques (Artista da Trupe Circus e Monitor de Acrobacia de Solo):
O Dia da Consciência Negra foi muito importante para mim, porque um dia antes aconteceu a tragédia com o homem negro que foi agredido até a morte.
No dia da apresentação, quando chegou o meu momento de ir apresentar eu fui não só pela apresentação, mas porque ali eu estava representando todo o povo negro, mostrando que somos resistência e que nós, povos negros, nunca iremos desistir! E com meu número de Faixa, identifiquei ainda mais a resistência do meu povo, pela minha resistência no aparelho.
Maria Luíza da Paz (Artista da Trupe Circus e Monitora de Malabares e Equilíbrio):
Fiquei muito feliz por poder mostrar um pouco da nossa resistência como artistas e como pessoas negras. Acredito que foi muito difícil, não só para mim, mas também para os meus amigos de palco, por conta do acontecimento no Carrefour no dia 19 de novembro.
Nós não podemos nos calar!
Vidas negras importam não só em novembro, mas em todos os dias do ano!
Ítalo Feitosa (Artista da Trupe Circus e Educador de Acrobacias de Solo, Aéreas e de Molas):
Participar da live sobre o Dia da Consciência Negra na EPC me deixa bastante contemplado enquanto pessoa negra e artista da cidade.
Colocar em cena o empoderamento e a nossa força com liberdade, permite nos expressar e ao mesmo tempo perceber o quanto é importante a representatividade em todos os lugares.
Sentir a energia do Afoxé Ará Omin e do Percussionista Ilke Barbosa, fez transcender nossa arte, pois quando as artes se misturam tudo dá muito mais certo!