Encontro Internacional de Palhaços – Anjos do Picadeiro – A alegria é a prova dos 11?
Na 11ª edição do Anjos do Picadeiro, na sua variada programação, como que um agradável presente, o Teatro de Anônimo – RJ fez uma proposta à equipe do Circonteúdo oferecendo-nos a possibilidade de realizar uma Entrevista Aberta com todos os integrantes do grupo, realizada no dia 03 de dezembro de 2012, na cidade do Rio de Janeiro.
Com esta entrevista, orientada por Erminia Silva, tivemos a oportunidade de conhecer um pouco do Anônimo e de seus 25 anos de trabalho. Para além da trajetória do GRUPOl, fomos apresentados também à trajetória de cada um de seus integrantes na construção e maturação do conjunto Anônimo.
Conhecer um pouco da história de seus seis integrantes, a maneira como se encontraram e compuseram o grupo, revelou um pouco do quanto a produção artística do Anônimo esteve e está calcada na relação e no fazer rizomático. Construíram suas trajetórias de tal forma que a cada ponto de encontro operavam com alteridades, dialogavam, tensionavam, aprendiam, imitavam, incorporavam, deglutiam de seus jeitos polissêmicos e polifônicos. As origens de cada um – ao mesmo tempo semelhantes e distintas – foram incorporadas a cada passo nos seus modos de fazer artista, assim produziram diferentes configurações nesse campo de saber e prática. Descobrir o quanto a história de vida de cada um de seus membros significou para o surgimento do Anônimo e o quanto essas histórias, por mais que apresentadas numa mesa de entrevista, estão imbuídas de fortes cruzamentos entre si, simbolismos e representações, evidencia uma produção teatral que se faz através de um coletivo extremamente ligado às suas origens e conectada consigo mesmo e com outros diversos coletivos.
Vislumbrar o fazer artístico de um grupo teatral através da figura de seus integrantes pode revelar processos de construções das histórias culturais dos lugares onde vive. Para o leitor da transcrição da entrevista, mas também para quem apenas assistir ao vídeo, poderá entrar em contato com partes importantes da história cultural/política/social da cidade do Rio de Janeiro: seus projetos educacionais, seus (des)projetos culturais, seus (des)projetos artísticos. Os componentes do Anônimo falam de tudo isso. Suas narrativas revelam, ainda, o quanto a produção artística em geral e a produção circense – no caso do Teatro de Anônimo mais especificamente -, se fez e faz através dos cruzamentos entre indivíduos e suas trajetórias; grupos e coletivos; formações distintas e ideais distintos. São antropófagos até hoje.
Um lembrete: nós do Circonteúdo com a ajuda de Ieda Magri e transcrição preciosa de Iara Cristiane, editamos a entrevista. Nela, tendo em vista o que entendemos seja a fabricação desse grupo e o processo de produção histórica cultural/política/social, nessa transcrição/edição não poderia deixar de transformar o documento como referência histórica. Quer dizer, não apenas transcrever suas falas de parte (pequena) da vida do Anônimo, mas fazer referência, no texto, de todos aqueles(as) (pessoas, grupos, empresas, etc), que mencionaram durante a entrevista (inclusive o Colégio Cairu), como fazedores da constituição das histórias do grupo e, por conseguinte, dos processos culturais/políticos cariocas, mas também algumas das políticas nacionais (MINC, Funarte).
A inserção de notas explicativas de pessoas, grupos, etc., estão mencionados em notas de rodapé, que como pesquisadores que somos – Daniel, Erminia e Giane – do Circonteúdo, não poderíamos deixar de informar para as pessoas saberem quem são e a importância de seus “currículos” que cruzaram rizomaticamente com: os “currículos e formações” do Anônimo; as histórias do teatro, da música, da dança, do circo, da escola de circo, das políticas públicas, o Rio de Janeiro, inúmeras cidades brasileiras e estrangeiras, e como diziam os circenses do século XIX – etc. etc. e etc. São mesmo antropofágicos.
Gostaríamos de ressaltar uma outra coisa: toda transcrição de entrevista precisa se tornar inteligível para o leitor. A maioria das expressões orais de todos está presente, mas é necessário fazer uma “edição”, “redação” para que tivesse significado em formato de texto. O veículo de nformação por vídeo, portanto oral, é um formato. O em formato de texto é outro, mas com todos os dados, apenas tratado para ficar inteligível. Iremos também publicar o vídeo da mesa, muita coisa do vídeo não estará Ipsis litteris no texto. O sentido não foi alterado, mas a forma de redação foi, pois quando falamos é uma coisa, e no papel outra, mas sempre mantendo o significado.
Confiram a entrevista e aproveitem! Está deliciosa !
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Transcrição_de_Entrevista_Aberta_realizada_ -_Grupo_Teatro_de_Anônimo.doc | 420 Kb |