Corpo Bambu, uma arte simbiótica Reflexões sobre as experiências da Cia Nós No Bambu

Corpo Bambu, uma arte simbiótica
Reflexões sobre as experiências da Cia Nós No Bambu
Poema Mühlenberg Homem da Costa

 

Estamos em 2022. Há 19 anos, dedico-me a explorar possibilidades de criação poética entre corpos humanos e formas de bambu em cena. Em 2003, eu estudava Desenho Industrial na Universidade de Brasília e buscava uma prática corporal criativa. Foi assim que cheguei até o professor Marcelo Rio Branco, que me apresentou seu – ainda não nomeado – Sistema Integral Bambu. Marcelo criava estruturas de bambu para a exploração das potências motoras do corpo. Seu sistema oferece três vertentes de pesquisa, denominadas como as ˝profissões˝ de médico, operário e artista. Encantei-me pelas possibilidades da proposta. Nesse ambiente, encontrei um grupo de praticantes que, assim como eu, tinha uma inclinação ao desenvolvimento da vertente artística. Logo começamos a realizar performances em eventos na cidade, e essa é a origem da Cia Nós No Bambu.
Diversas pessoas participavam das performances, todas praticantes do Integral Bambu. Como filha de produtora cultural, desde o início, interessei-me pela organização e buscava métodos e processos profissionais para lidar com a equipe e os clientes – desde então, atuo como produtora. Gradualmente, alguns desses participantes se afastaram e outros se somaram ao grupo, de acordo com o interesse e a disponibilidade de cada um em se dedicar à pesquisa artística. O núcleo duro da Companhia foi formado por mim, Poema Mühlenberg, junto com Ana Flávia Almeida e Roberta Martins. Além de Liane Maria Mühlenberg, minha mãe, cuja participação ativa, desde o primeiro espetáculo de Nós No Bambu, elevou a produção da companhia a outros patamares. Vitor Martim integrou o grupo fundador, atuando tanto em cena como na construção com os bambus1.
Desde então, Nós No Bambu produziu e circulou com seis espetáculos, além de diversos números e performances; publicou dois livros; produziu três DVDs de espetáculos, um curtametragem documentário ficcional e dois documentários de desmontagem de espetáculo; realizou residências artísticas e ações formativas em variados formatos; e levou ao teatro mais de 19 mil estudantes e profissionais da rede pública de ensino do Distrito Federal e integrantes de projetos sociais.

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