Parabenjamim- Festival de Palhaço de Pará de Minas

O Parabenjamim- Festival de Palhaço de Pará de Minas foi criado no ano de 2009 pela secretaria municipal de Cultura de Pará de Minas, tendo a pasta como secretária a senhora Maiza Lage Barbosa e como diretor do Departamento de Cultura este colunista. O objetivo ao criar o festival foi o de fazer uma justa homenagem ao pará-minense mais ilustre nas artes circense e cênica, Benjamim de Oliveira.

O Parabenjamim nasceu para suprir uma necessidade que se arrastava há décadas, a de tornar conhecida dos pará-minenses a trajetória de Benjamim de Oliveira. A cidade, até então, tinha como menção ao artista apenas o nome de uma rua, a Artista Benjamim de Oliveira, localizada no bairro Nossa Senhora das Graças, denominada por uma lei municipal de 1958, cujo projeto foi assinado pelo vereador Walter Martins Ferreira na administração do prefeito Osvaldo Lage.

Após essa homenagem no início da segunda metade do século passado, o nome de Benjamim de Oliveira caiu no campo ingrato do esquecimento e passou longos anos na escuridão e no silêncio.

Nos meados da década de 1990, o bailarino Nilton Araújo trouxe a Pará de Minas um grupo de palhaços da Cia Stronzo, da cidade de Ouro Preto, promovendo um evento no Parque do Bariri com o objetivo de divulgar o nome de Benjamim. O evento, embora tenha feito um “barulhinho bom”, não conseguiu conscientizar a população da importância desse grande artista.

Após essa data, novamente um longo período de amnésia em relação a Benjamim abateu-se sobre a cidade de Pará de Minas e seus habitantes até os idos de 1997, quando dois fatos importantes mudaram esse cenário: o lançamento do livro Circo-Teatro: Benjamim de Oliveira e a teatralidade circense no Brasil, no estado de São Paulo, da pesquisadora e escritora Erminia Silva, e a apresentação da peça teatral Circo-Teatro Benjamim, do grupo NEPAA (Núcleo de Estudo das Performances Afro-ameríndias), do Rio de Janeiro. O nome de Benjamim ressurge como uma luz que se acende clareando um imenso picadeiro, anunciando uma comovente saga a ser contada. Os poucos habitantes que tiveram acesso a esses dois fatos se emocionaram com a trajetória do grande homem por trás do palhaço e se encantaram com as estripulias de palhaço desse notável homem.

No ano de 2008, o escritor e blogueiro Luiz David convidou vários escritores para escreverem histórias que construíram os 150 anos de emancipação político-administrativa de Pará de Minas, que se completariam em 2009. Fui convidado para escrever um artigo sobre a vida do artista Benjamim de Oliveira e do escultor e ceramista Sica (Raimundo Nogueira de Faria). A vida dos dois se entrelaçou no maravilhoso mundo das artes, pois ambos se tornaram artistas muito conhecidos e eram autodidatas.

Desde meados de 1990, eu vinha pesquisando sobre Benjamim de Oliveira e, no início de 2009, quando me encontrava em pleno exercício da escrita do artigo sobre ele, fui tomado de surpresa quando fui convidado pela secretária de Cultura Maiza Lage Barbosa para assumir o Departamento de Cultura, hoje Departamento de Ação e Difusão Cultural. Tão logo assumimos, começamos a mapear os grupos artísticos locais, nossos produtos culturais, nossas histórias. Em meio a esses estudos para divulgar a cultura local, uma das propostas que surgiram foi a criação do Parabenjamim- Festival de Palhaço de Pará de Minas.

A primeira edição do Parabenjamim aconteceu nos dias 9, 10 e 11 de junho de 2009. Para que ela acontecesse, foi fundamental a contribuição do palhaço Pururuca, que há 35 anos mantém viva a arte circense por aqui, e de Sula Mavrudis, que não mediu esforços para nos colocar em contato com grupos de circo-teatro, com palhaços, donos de circo, acrobatas, malabaristas e com pesquisadores relacionados ao tema.  Estiveram presentes na primeira edição o Grupo de Teatro Maracutaia e o Palhaço Pururuca (Rogério Faria), ambos de Pará de Minas; a Cia. Bobagem, o Grupo de Teatro Terceira Margem, a contadora de histórias Sula Mavrudis e a comediante Cida Mendes, todos de Belo Horizonte. Ao todo, foram cinco apresentações que aconteceram em escolas, praças e espaços alternativos, tendo o palhaço como tema. Também ocorreu um debate no Auditório 1 da Faculdade de Pará de Minas, que trouxe mais informações sobre a arte circense aos artistas e instigou o público presente a conhecer tanto o universo riquíssimo do palhaço como a vida e a obra de Benjamim de Oliveira. Nesse cenário ainda tímido, a escritora e pesquisadora Erminia Silva doou para Pará de Minas parte de um arquivo fotográfico que conseguiu reunir durante sua pesquisa para sua tese de doutorado sobre Benjamim de Oliveira. A doação resultou numa exposição no hall do prédio da Casa da Cultura durante o mês de junho e teve expressiva visitação.Todo esse acervo fotográfico foi doado para o Museu Histórico de Pará de Minas, juntamente com uma doação que a escritora pará-minense Terezinha Pereira conseguiu junto à Biblioteca Nacional, três peças do gênero circo-teatro escritas por Oliveira: A pupila do diabo, Pescadores e Barraca do cigano.

Talvez por falta de oportunidade, demoramos muito tempo para prestar essas homenagens ao pará-minense Benjamim Chaves, cujo nome artístico é Benjamim de Oliveira. Porém, agora, oportunamente essa injustiça foi corrigida!  Depois do lançamento do livro Circo-Teatro: Benjamim de Oliveira e a teatralidade circense no Brasil, da passagem do grupo de teatro do NEPAA, do Rio de Janeiro, com a peça Circo-Teatro Benjamim, e da primeira edição do Parabenjamim- 1º Festival de Palhaço de Pará de Minas, a cidade e seus habitantes incorporaram em suas rodas de prosa a fascinante trajetória do menino negro, escravo alforriado que nasceu em 1870 em Pará de Minas e fugiu com o circo e, predestinado ou não, se tornou um dos maiores artistas do Brasil.

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