Comecei este relato pelo título e, por residir e atuar em São Paulo, quase batizei de “Patrimônio Humano do Circo Paulista”, mas logo me lembrei que o assunto que eu pretendia abordar envolvia alguém que nasceu em Pernambuco e vasculhou esse Brasil de ponta a ponta, compondo pequenos retalhos da história do circo, paralelamente a sua própria história.
Por esta razão, eis o título:
“Patrimônio Humano do Circo Brasileiro”.
Brasileiro graças a Deus, porque desta forma pudemos, muitos de nós, beber das águas turbulentas e puras desta fonte.
No mês de dezembro o Mestre Maranhão será destaque no Centro de Memória do Circo de São Paulo. É festa!!!
Mestre Maranhão, que tem estampado, no corpo e na alma, a dureza e a beleza da vida no circo. O corpo curvado é, ainda, recoberto por uma musculatura sempre pronta para o trabalho, como que a espera do comando na hora do espetáculo; nos olhos um desafio acolhedor e, nos lábios um discurso polêmico, que dança ao sabor da própria vontade e ignora quem queria conduzi-lo.
Àqueles que queriam ouvi-lo histórias sem fim;
Um questionamento direto como flecha:
“Tem amor pelo circo?”
E um inestimável ensinamento:
“Nunca olhe para o chão… e cumprimente o público!”
Questionamento e ensinamento, perfeitamente, aplicáveis à vida.
Dia 04 de dezembro [2010] fomos montar a maquete de circo construída pelo Mestre Maranhão no Centro de Memória do Circo, para a abertura da nova exposição. Experiência sem igual! Alegria imensa colaborar para que este Mestre seja reconhecido por muitos e descoberto por outros.
Sob a batuta do Mestre, subimos os mastros, a cúpula e a lona; fizemos amarras; fincamos estacas; montamos arquibancadas; colocamos cadeiras nos camarotes; ajeitamos os mastaréus e os paus e panos de roda.
Tudo nos moldes de um circo de verdade. Vez por outra o Mestre corrigia:
“…tire esta estaca dai senão algum engraçadinho pode tropeçar. O público entra correndo”;
“Arrume a tábua da arquibancada senão o povo despenca lá de cima”;
“amarre direito senão vem a tempestade e leva tudo…”
Dia divertido no Centro de Memória do Circo!
Terminada a tarefa de montagem da maquete, jogaremos luz sobre o trabalho do Mestre, com simbólicas gambiarras ao redor da loninha, tornando ainda mais real a brincadeira de criança do Mestre artesão.
Já o Centro de Memória, em sua missão heróica, jogará luz sobre um dos Mestres mais especiais do Circo em São Paulo.
Aplausos à amiga Verônica Tamaoki e a toda a equipe que idealizou e fez concretizar-se tão importante espaço de convivência para o Circo.
Ao Mestre com carinho!