Um dia de Circo em Paranavaí

Tudo começou no I Fórum de Cultura de Paranavaí (PR), onde eu e Tânia Volpato, então coordenadores do GT – Grupo de Trabalho de Artes Cênicas – colocamos em discussão a proposta de se realizar o primeiro festival de circo em Paranavaí, uma vez que grupos circenses se localizam em nossa cidade e desenvolviam os seus saberes pelas ruas, praças e centros culturais.

Após o término do fórum, foi decidido: no dia 8 de Maio de 2010 acontecerá o primeiro festival de circo de Paranavaí. Os preparativos para o festival aconteceram de uma forma tão rápida e audaciosa, que não poderia deixar de registrar neste mero relato a conquista para a cultura local e Regional. Peço ao leitor que não se prenda aos fatos aqui descritos; deixe a imaginação levar você ao mundo do impossível, ao lugar onde a magia acontece a todos os momentos, como foi o nosso festival.

Bem vindo ao circo!

Sábado 8 de Maio de 2010

O sábado prometia chuva e frente fria segundo as notícias, mas a paixão que cada um carregava dentro do peito era maior que qualquer mau tempo.

O cortejo começou a se formar no Teatro Municipal Doutor Altino Afonso Costa, onde se materializavam os saberes da Companhia Sou Arte Circense de Campo Mourão, onde que a patota toda era liderada pela Edilaine de Castro e minha primeira Professora e Mestre de circo Raquel Cruz (Palhaça Pipoca), junto com o Grupo de Teatro da 3º Idade do SESC, Cia Oficinas, e claro, a nossa Trupe Local Companhia do Circo de Paranavaí (PR).

A moto que iria fazer o enredo musical do festival quebrou, então a solução foram os instrumentos de percussão, megafone e a garganta dos artistas que cantavam a música do festival. Pernas-de-pau, malabaristas, palhaços, contorcionistas, performáticos e duos acrobáticos adentraram as ruas daquela pacata cidade, acompanhada na frente com o policiamento, Eu e Karina Lima (Palhaça Naninha) fomos à frente buzinando com as nossas motos. Quando a população olhou o cortejo, seus olhos brilharam como se os artistas os convidassem a participar da roda, resgatando de dentro de si a criança perdida no meio da correria cotidiana.

(Começa a Chover, os artistas continuam o cortejo na chuva retornando para a praça do Teatro Municipal e pausa para o almoço)

Oficina de Clown com a Palhaça Naninha

A oficina Ministrada pela Palhaça Naninha foi estimada para um público de no máximo 20 pessoas. Na hora de acontecer a oficina o número de participantes duplicou. No local, havia 40 pessoas, sendo elas artistas, curiosos, atores e bailarinos. Pensamos em deixar fazer a oficina apenas aqueles que tinham sua inscrição feita, porém a oficineira disse que todos poderiam fazer a sua oficina, proporcionando uma tarde de trocas de experiências, alegria, aprendizado e muitas gag’s de palhaços, pensei eu que era muita gente, mas a oficina não deixou a desejar…

Enquanto a oficina acontecia, Eu e Edilaine Castro discutíamos no cantinho apertado da sala de dança do SESC sobre a criação do palhaço e o ator que representa a personagem palhaço. (Término da oficina).

Espetáculo Máscaras com Circo-Teatro Sem Lona de Maringá

Todos adentraram o hall do nosso querido Teatro Municipal, expectativas nos olhares que começaram a passar pela exposição sobre o circo local, exposição esta desenvolvida pela equipe do Museu Histórico de Paranavaí, coordenada por Rosi Sanga. As crianças ansiosas perguntavam sobre palhaços.

(Abrem as portas do Teatro. O espetáculo começa.)

A plateia se deliciou com o sonho de Pierrot e um beijo de Arlequim. Um espetáculo que misturava um bom enredo de músicas carnavalescas, a história foi contada, por três garis e um se posso dizer “malandro” que aproveitou a farra do carnaval e resolvera contar a estória de amor das personagens Pierrot, Arlequim e Comlombina. No final da peça o público se encontrara de pé para aplaudir o espetáculo do Grupo Circo-Teatro Sem lona de Maringá.

Núcleo de Diálogos Circenses

Todos os artistas se reuniram na Biblioteca Pública Júlia Vanderley após o término do espetáculo Máscaras, para discutirmos a linha de trabalho de cada grupo presente no festival ou seja tomarmos um café. Neste diálogo entendemos o que motivará a todos os artistas a continuar este saber milenar, e pude perceber que uma única resposta vinha à frente das outras: “A Paixão pelo Circo”. Trocamos “figurinhas”, conhecemos histórias fantásticas de atores, diretores, palhaços, acrobatas e admiradores.


Espetáculo da noite: Cotidiano – O Tempo Todo

No espetáculo da Noite, a platéia aguardava no hall do teatro.

(abrem as portas do Teatro)

O Público entrou escolhendo o melhor lugar para poder assistir o espetáculo da companhia Sou Arte Circense de Campo Mourão, os artistas já se encontravam no palco (silêncio, o espetáculo começa). O espetáculo cotidiano foi uma mistura de medo, coragem, alegria e reflexão, o espetáculo Cotidiano – O tempo todo, com gestos precisos e audaciosos, nos mostraram a estória do mundo capitalista onde as vezes pensamos tanto no sucessos, pessoal, profissional, que acabamos esquecendo das “coisas” belas e simples da vida, neste espetáculo a platéia interpretava os movimentos coreografados ao seu ponto de vista e vivências. O Grupo Sou arte Circense causou na respectiva platéia um ponto de interrogação que levou a uma reflexão sobre o espaço em que vivemos.Tudo isso e muito mais guardados dentro daquele espetáculo de uma hora.

Cabaré Circense

E assim encerramos a nossa noite com a Banda The Menttes, Cia. Sou Arte Circense, Cia. Do circo de Paranavaí e alguns artistas e admiradores que se inscreveram no cabaré.

Deixo aqui um pequeno relato do que foi o I FestCirco – Um dia de Circo em Paranavaí. Acredito que todos que participaram do festival resgataram memórias perdidas, sorrisos escondidos, amores, paixões. No festival, o público foi convidado a voltar a ser criança, para assim entrar na roda e cantar, dançar cantigas esquecidas; cantigas essas que o mundo insiste em dizer não, enquanto o nosso mundo circense, diz sim.

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