SILVA, Erminia – “Prefácio” do livro: Robleño, Rodrigo: Viralata: o palhaço tá solto! Belo Horizonte: Editora Gulliver, 2015
Dando língua/texto para a experiência vivida.
Conheci o Rodrigo Robleño através de suas escritas, sempre deliciosas de se ler e degustar. Este livro não é diferente: percorrer suas páginas, suas entrelinhas, fotos, caminhos e existências vivi- das nos faz desejar lê-lo, como o saborear de um bom vinho tinto (ou a bebida que preferirem). Para mim, assim como o vinho, as narrativas das trajetórias de Rodrigo/Viralata revelam produção de vida que a cada momento produz mais vida, experiências, sabores e dúvidas, que geram tudo de novo. E, como o vinho, tudo isso necessita de um longo período de maturação e formação.
E assim vai se produzindo artista, e assim vai se produzindo palhaço, que em nenhum momento pode ser pensado como só um eu, mas um eu-nós, e singular, sempre se constituindo como plural, como coletivos, não “um sobre” pois é “um com”. Por isso, saboreá-lo é entrar em contato com os encontros marcados em seu corpo vibrátil de vários outros e de suas histórias, agora expressos em um Rodrigo/Viralata.
Há uma preocupação séria no livro, que também é minha e declaro em todas as minhas salas de aula: nunca transforme um autor e um texto em receita para a vida, como se neles estivessem escritas todas as “verdades” que lhe serão fundamentais. Todas as produções são momentos nos caminhos de quem os escreveu, com diálogos e debates dos autores com seus pares. Aqui, os gerúndios cabem bem, pois as vidas são redes complexas de trocas e estão se produzindo/transformando sempre, em ato. Rodrigo Viralata dá texto hoje para as suas experiências vividas sempre.