Em 1900, um grupo de artistas argentinos, entre eles a Família Queirolo, de origem espanhola, foi convidado para uma temporada em Paris – França, mas chegando em Barcelona, o empresário sumiu com o capital dos artistas. Resolveram fixar-se na Europa. O circo na América do Sul estava engatinhando. Percorreram a Europa e fixaram um período em Paris. Ficaram famosos com seus números de acrobacias e pirâmides humanas, realizando apresentações nos melhores e mais destacados circos europeus. A trupe apresentou-se no Nouveau Cirque de Paris, no Moulin Rouge e Folis Bergeré, ficando 10 anos em Paris. Em suas viagens pelo mundo, passaram em Moscou, no Salamonski e em Berlim, no Circo Albert Schuman, no Teatro Wintergarde.
No início da I Guerra, foram para os Estados Unidos e apresentaram-se no Hipódromo de Nova Iorque, no Circo Barnum And Bayle e Rigling Brothers e foram para São Francisco , depois voltaram para a Argentina. Em Buenos Aires, fundaram o Circo Irmãos Queirolo e viajaram para o Chile, Peru, Bolívia, Paraguai e Uruguai.
A estirpe dos Queirolo chegou ao Brasil em 1910 em Sant’Ana do Livramento – RS. Seu líder foi José Queirolo, que aqui chegou precedido de fama internacional. Seu filho foi o famoso Palhaço Chicharrão e seu neto, o Palhaço Torresmo. Os irmãos Queirolo foram famosos acrobatas. A história deles e de José Carlos Queirolo – Palhaço Chicharrão, nascido em 1889 em Bagé – RS, começou em Gênova, na Itália. O avô era açougueiro e, diante de problemas com Garibaldi, que proclamava a República, emigrou com seus três filhos – Antonio, José e Júlio para a Argentina. Foi ali que um deles, José, começou a trabalhar no circo, fazendo papéis dramáticos ao lado de Petra, com quem se casou logo em seguida. Os dois faziam uma bela dupla: ele com uma voz de barítono e ela contralto, diálogo que fazia o público vibrar com as operetas. Tiveram sete filhos: Francisco, Alcides, Irmã, José Carlos, Ainda, Julião, Otelo e Ricardo. Alguns nasceram na Argentina, outros no Uruguai, só Chicharrão era brasileiro. Seus pais tinham um circo e se apresentavam na fronteira, naquela cidade em que um lado da rua é Brasil – a cidade de Livramento e do outro é Uruguai – a cidade de Rivera. O circo estava montado do lado Uruguaio e seus pais se hospedavam no lado do Brasil, por isso, ele é brasileiro. Batizado no Uruguai e viveu sua infância na Argentina.
O Circo “Irmãos Queirolo” caminhou todo o Brasil, passando pelas capitais e pelo interior. Sua história no Brasil teve momentos que marcaram milhões de brasileiros. O circo iniciou pela capital federal, que na época era a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro; na Praça Sanz Pena, na noite de 14 de janeiro de 1917, houve a primeira função do Circo Queirolo, que foi um marco na historia do circo no Brasil. A família Queirolo teve como membros de maior destaque, os seguintes artistas:
· Palhaço Chic-Chic (Otelo Queirolo)
· Palhaço Harrys (Julio Queirolo)
· Palhaço Chicharrão (Jose Carlos Queirolo)
· Palhaço Torresmo (Brasil Jose Carlos Queirolo).
O circo “Irmãos Queirolo” dividiu-se e cada um dos irmãos segui seu caminho. Ao seu modo, cada um preconizou a famosa tradição circense da Família Queirolo, que estes mestres apresentavam para o povo brasileiro.
Jose Carlos Queirolo – Palhaço Chicharrão – através de seus estudos, preconizou a figura do Palhaço Excêntrico no cenário circense nacional. Segundo registros do acervo histórico do Jornal Folha de São Paulo, o mestre Chicharrão foi o primeiro palhaço brasileiro a apresentar um estudo técnico deste personagem no mundo das artes, precisamente em São Paulo no ano de 1927. Tornou-se, pois, mestre e líder. Realizou durante longos anos suas pesquisas sobre o palhaço e o riso proveniente das fantasias do publico. Através de Jose Carlos Queirolo, os artistas circenses puderam idealizar suas pesquisas sobre este estilo de representação cômica, calcada no grotesco. Os Queirolo realizaram um árduo trabalho para colocarem em pratica os seus ensinamentos.
O Sr. José Carlos Queirolo – Palhaço Chicharrão – falece em 28 de janeiro de 1982, aos 93 anos de idade na cidade de São Paulo.
Caracterização do Palhaço Chicharrão
Sua indumentária era composta de um jaquetão maior do que o seu tamanho – bem exagerado, sapatos nº 84, bico largo e sua desproporcional bengala que o acompanhou durante anos. Usava chapéu coco preto. Sua maquiagem expressava a alegria do picadeiro.
Em seu trabalho de picadeiro representou, entre outras peças, as que seguem: O Morto que não Morreu, Casa de Doido, Aprendiz de Sapateiro e Casa do Fantasma.
Entre os números musicais que realizou, apresentava-se sempre com seu famoso carrinho de madeira chamado “A barata sorumbática”, que era puxado por um cachorro que era atraído por um osso enorme, colocado estrategicamente no capô. Era como se o cachorro corresse atrás do osso, movimentando o carro.