Ricardo Otello Queirolo

Filho de Elvira e Ricardo Queriolo, nasceu em 30 de janeiro de 1923 na cidade de São Paulo. Era terceira geração do clã Queirolo, um dos mais importantes da história do circo brasileiro. Yan de Almeida Prado em suas deliciosas crônicas “Circo de Cavalinhos”, publicadas em 1929 no Diário Nacional, assim descreve a famosa trupe:

“Não se pode falar em circos em São Paulo sem referência à irmandade Queirolo. Indubitavelmente foram os que mais fizeram pelo espetáculo circense entre nós. Tornaram seu barracão numa verdadeira escola de cômicos de primeira ordem. No seu âmbito formaram-se os conhecidíssimos Piolin, Chicharrão, Harris, Chic-Chic e outros que não se pode conhecer. Nem os mestres sabem quantos são, porque é difícil contar os que aprenderam olhando-os trabalhar.”

O clã originou-se do casamento do cantor lírico José Carlos Queirolo e de Petrona Sallas. Nas andanças que os dois fizeram pelo mundo, depois de sair da Espanha, nasceram os filhos em cada país por onde passavam. Um irmão nasceu no Chile, outro na Argentina, outro no Peru, outro na Bolívia, outro no Uruguai, e assim por diante ( Francisco – Pancho, Alcides – Gato Félix, Irma – avó de Bibi Ferreira, José Carlos – Chicharrão, Aída, Esther, Julian, Otello – Chic-Chic e Ricardo – Negrito). Com a morte do marido, Petrona criou o grupo Irmãos Queirolo, que antes de se estabelecer no Brasil, rodaram o mundo. Em 1912, por exemplo, na Alemanha, foram condecorados pelo Kaiser Guilherme II, e nesse mesmo ano, atravessaram o atlântico para participar da inauguração do Teatro Amazonas.

Ricardo Otello fez sua estréia no picadeiro, aos sete anos de idade, como partner de sua mãe que era malabarista. Aos 9 anos, passou a se apresentar como acrobata, e aos 18, honrando a tradição da família, como o palhaço Espoleta.

De 1941 a 1944, com o irmão e Julião e os primos Lídia Lafayete, Henricredo e Sérgio formaram o grupo “Diabos Brancos” que se apresentava em grandes cassinos do país até o fechamento desses estabelecimentos, quando voltam então a se apresentar em circos.

Em 1955, Ricardo se afastou da vida artística e, com a esposa Dorthy e os filhos Dorothy e Ricardo Neto, se estabeleceu em Curitiba, e posteriormente em Londrina, como comerciante. Até que, nove anos depois, em 1964, foi convidado pela TV Coroados a participar de um programa infantil. Foi então que ele criou o palhaço Picolino. O sucesso foi tanto que o programa passou a ser apresentado em outras emissoras de televisão do Paraná (Cultura de Maringá, Tibagi de Apucarana e Tupi de Cornélio Procópio). E em 1981, Picolino estreava um programa próprio – Circo Show Infantil – na TV Tropical de Londrina, que vai até 1992, quando deixa a TV.

Desde então, trabalhou com jovens artistas de Londrina interessados nas Artes do Circo, principalmente com o grupo Plantão Sorriso, palhaços que atuam em hospitais da cidade.

Em 2003, foi homenageado pelo Festival Internacional de Teatro de Londrina, no qual apresentou, no dia 9 de maio, a pantomima “Picolino e os cangaceiros”. Menos de dois meses depois, no dia 3 de junho, Ricardo Otello Queirolo, passou dessa para, esperamos, uma melhor. Mas não será esquecido pois foi eleito patrono da Escola de Circo de Londrina, inaugurada em 2004. Reverenciemos sua memória.


Fontes: M. Amélia Melo Londrina – dados sobre Ricardo Queirolo
Circo de Cavalinhos – Yan de Almeida Prado (sob o pseudônimo de Terêncio Martins) – crônicas publicadas em 1929 pelo Diário Nacional
Arquivo Francisco Colmann


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