Tangolomango Festival da diversidade cultural – Rio de Janeiro (RJ)

Desde 2002

www.tangolomango.com.br

Criado em 2002, o Tangolomango é um projeto pioneiro de tecnologia social de produção colaborativa. A partir de um conceito de cultura popular abrangente, que incorpora diferentes linguagens e estéticas, o Tangolomango promove o intercâmbio de saberes e práticas culturais, valorizando o diálogo como via de produção de novas ações e produtos. Seu nome, que designa uma brincadeira de roda popular em várias regiões do nordeste do país, foi escolhido por expressar o espírito do trabalho.

Baseado, desde seu início, em eventos presenciais, através de espetáculos anuais produzidos de forma compartilhada por diferentes grupos de música, artes cênicas e áudio-visual, o projeto inicia agora uma nova fase, através da criação de um portal na internet. O Tangolomango na Rede permitirá articular e promover ações colaborativas não apenas entre os que já integram o projeto mas também expandir essa comunidade incorporando um número muito mais abrangente e diversificado de iniciativas.

A história do Tangolomango foi um processo em que cada evento fazia surgir as idéias que inspiravam o evento seguinte, como um pensamento seqüencial. Tudo começou quando, no primeiro evento, há oito anos, o Tangolomango reuniu grupos de comunidades periféricas do Rio de Janeiro para apresentar um painel de suas produções culturais e debater as possibilidades de sustentabilidade de suas ações. O grande gargalo para a inclusão social e cultural, apontado na ocasião, foi a dificuldade de comunicação entre os grupos. Assim, no ano seguinte, buscando saídas para esse obstáculo, o evento reuniu projetos que discutiam especificamente os caminhos para a democratização da comunicação e os direitos de expressão das várias manifestações da cultura urbana. O resultado desse intercâmbio levou à conclusão de que o acesso às novas ferramentas de comunicação era um ponto vital para o processo de transformação social. Por isso, em 2004, o Tangolomango convocou grupos cujos trabalhos estavam antenados com a comunicação alternativa e buscavam novas formas de expressão através das quais pudessem veicular seus olhares sobre a realidade e, com isso, valorizar suas identidades culturais. Estiveram presentes naquele encontro projetos que, já naquela época, se apresentavam como lideranças nesse processo sócio-político e cultural, como O Centro de Estudos e Ações Comunitárias da Maré – CEASM -, a Central Única das Favelas – CUFA-, e o Nós do Morro.
A ampliação para iniciativas de outras regiões do país aconteceu a partir de 2005, quando grupos de outros estados do país passaram a participar dos encontros no Rio de Janeiro. A essa maior abrangência geográfica, entretanto, correspondeu uma nova concepção da noção de periferia. Antes muito associada a critérios sociológicos de exclusão, como áreas de população de baixa renda, a idéia de periferia adotada a partir desse momento nas ações do Tangolomango é associada a critérios relativos à comunicação, como menores condições de acesso à circulação do conhecimento e às formas de divulgação de seus produtos. Essa mudança foi fundamental para a diversificação dos grupos e enriquecimento do intercâmbio promovido em rede. É nesse momento que o diálogo se intensifica e o trabalho passa a se concentrar nas propostas de generosidade intelectual, a criação coletiva e o compartilhamento da produção.
O deslocamento do Tangolomango para outras cidades do país – Fortaleza, Salvador e Recife – foi uma decorrência quase que natural desse processo. Foram, com isso, incorporados novos grupos, mas também novos públicos, trazendo novos elementos para a dinâmica das trocas. Em 2008 foi dado um passo ainda mais largo, com a participação de projetos de diferentes países da América Latina.
Em todo esse percurso ficou evidente a importância dos eventos locais, presenciais, para a construção e solidificação das relações de conhecimento e diálogo entre as iniciativas culturais de cada região. Muitas vezes, por exemplo, grupos de áreas próximas e até mesmo vizinhas, nunca haviam produzido qualquer ação conjunta e, em alguns casos, sequer se conheciam. Os eventos e encontros realizados pelo Tangolomango, ao promover a troca e a produção compartilhada entre eles, evidenciou, para esses grupos, os benefícios de um fazer colaborativo, tanto do ponto de vista estético quanto prático, viabilizando e dando visibilidade ao trabalho de cada um e dos integrantes da comunidade.
Por outro lado, a partir de um dado momento, a ação local e os eventos presenciais passaram a ser insuficientes diante da expansão real e o potencial da Rede Tangolomango. Além disso, as políticas públicas do Ministério da
Cultura, como a criação dos Pontos de Cultura que disseminaram o acesso às novas tecnologias da comunicação, modificaram de forma radical o cenário da produção cultural no país. Hoje, o número e a diversidade dos grupos de produção cultural aumentou exponencialmente. Além disso, todos têm condições de divulgação de seus trabalhos através da internet.
Diante dessas duas constatações, a questão que se coloca hoje para o Tangolomango é como fazer a ponte entre ações e redes locais e o universo das redes virtuais.
É essa a proposta do projeto do Tangolomango em Rede, conjugando os encontros presenciais, fundamentais para o fortalecimento das identidades culturais locais, e as potencialidades de articulação do universo virtual. Numa ponta, se fortalecem os conteúdos e a diversidade, na outra se promove o diálogo e a criação colaborativa. Na junção das duas, se ampliam os vocabulários e se estimulam novas formas de expressão.

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