SESC – RS. Ato SESC – Revista Itinerante – Circo (pdf). Porto Alegre: SESC – RS, 2023.
Resumo: Respeitável, público! O circo está aberto ao debate! A ideia desta edição da Ato! é fazer rir e refletir. Muitas questões, especialmente relacionadas a temas de gênero, racismo e inclusão, invadiram o picadeiro. Neste conjunto de textos e entrevistas, o Sesc quer apontar a consolidação de um novo movimento do circo no Brasil e ampliar a participação de todos.
Venha com o seu riso e a sua alegria pensar com a gente. A caminhada inicia com os passos do palhaço sagrado. Os atores e palhaços Lia Motta e Ricardo Puccetti falam sobre o Hotxuá, o sacerdote da tribo indígena Krahô, localizada no norte do Tocantins. Eles mostram o papel social do riso e como a comunidade inteira vive no entorno e na expectativa da alegria.
O riso é feminino. As palhaças Karla Concá, Mariana Gabriel e Rafaela Azevedo apontam a força da palhaçaria feminina como um espaço de conquista, de inovação e de debates de tema sensíveis e importantes como maternidade, feminismo e valorização da cultura negra.
Elas mostram a graça da palhaça. Neste conjunto especial de depoimentos, as palhaças gaúchas Luciane Prestes, Lolita Goldschmidt, Raquel Guerra, Odelta Simonetti, Pati de La Rocha, Kalisy Cabeda e Mariana Abreu mostram como o movimento da palhaçaria feminina é recente, além de ser coletivo, múltiplo e instigante.
A atriz e palhaça Ana Fuchs apresenta artigo sobre o movimento de resistência da palhaçaria e como ela pode inverter a história universal, que é narrada numa perspectiva masculina, branca, heteronormativa, cis, classe média e eurocentrada. O artista, pesquisador, educador, curador e gestor cultural Raphael Vianna escreve sobre as contribuições do Sesc para a área do circo, mostrando iniciativas e estratégias de programação circense em diferentes momentos, contextos e geografias brasileiras. Fazer a gestão de um festival de circo envolve não apenas paixão e dedicação, como um olhar atento para fomento, curadoria, formação e legado.
Os responsáveis por três importantes festivais no Brasil – Dani Hoover, Angelo Marcio Leal e Lara Salles – explicam as particularidades e contribuições dos festivais de circo em Olinda, Fortaleza e Florianópolis. O historiador e especialista em gestão cultural Williams Santana traz artigo sobre as principais políticas culturais para a área do circo, que historicamente se viabilizava no comércio e que agora conta com uma relação estruturada com o poder público.
Entusiasta, libertário e irônico, Fernando Cavarozzi é o palhaço Chacovachi. Nesta entrevista, ele fala sobre o início da carreira, como é a performance que pega o público desprevenido e a palhaçaria não tradicional.
A professora, atriz e palhaça Daniele Pimenta reflete sobre a abertura às inovações, o arrojo empreendedor e o desejo de agradar ao público – que são os elementos que fazem com que a renovação faça parte da tradição circense. A arte-educadora, atriz e produtora cultural Sandra Silva Nunes aponta a cuidadoria – pautada na empatia e na receptividade – como um dos possíveis caminhos para a construção de políticas culturais efetivas para as artes circenses.