Ele está todas as noites, das 19 às 23 horas, nos cruzamentos das avenidas Rebouças e Henrique Schauman, fazendo malabarismo. Quando o farol fica vermelho, ele começa o show para aqueles que se encontram no interior de seus veículos à espera do sinal verde. Como os saltimbancos da idade média, depois do show e com o farol ainda vermelho (é um dos cruzamentos mais demorados da cidade), ele passa o chapéu (a lá Chaplin) para arrecadar alguns trocados. E assim vai levando a vida.
Seu nome é Igor Leal, tem vinte anos e adora a liberdade. Nunca trabalhou em circo, aprendeu malabares em Belo Horizonte/MG e há dois anos vem se aperfeiçoando nas ruas. Neste cruzamento, ele prefere fazer malabares com fogo, pois como é noite, o visual, para quem está no interior dos veículos, é melhor. Fatura em média vinte reais por noite. Divide o aluguel de uma quitinete com um amigo que é clown de festa infantil. Acha o circo de lona um mundo mágico, uma fantasia, mas, para surpresa, não sonha trabalhar em circo, porque no circo tem horário para treinamento, para o espetáculo, para tudo. Diz que com sua habilidade, ganharia mais no circo, mas prefere a liberdade dos cruzamentos. Se sente feliz nos cruzamentos pela curiosidade que desperta nas pessoas e pelo olhar atento das crianças.
Tudo começou quando ele viu um pessoal fazendo malabares em um barzinho na cidade de Belo Horizonte, a partir dai começou a freqüentar uma escola de circo. Teve a idéia de fazer malabares em cruzamentos ao observar um pessoal na Bahia. Veio para o Rio de Janeiro, onde ficou dando show durante dois meses e em seguida veio para São Paulo onde está até hoje. Seu ídolo é Antonio Gato, um brasileiro que faz shows pelas ruas de Las Vegas – não conhece o artista pessoalmente, mas já admirou o seu trabalho através de uma fita de vídeo.
Mais uma vez o farol fica vermelho e sonhando em ser como seu ídolo, lá vai nosso entrevistado fazer o seu show no cruzamento.