Em tempos de grades, quem chega no Instituto Municipal Nise da Silveira estranha o acolhimento que recebe. No imponente prédio da enfermaria, é só subir as escadas pintadas e o caminho se apresenta: “Vai entrando e perguntando”, convidam as paredes poéticas, cheias de bons auspícios, falando de cura, afeto, beleza, luta, cidade, amor. “Bem vindos ao Hotel da Loucura”. A casa está aberta a todos: médicos e pacientes do hospital psiquiátrico, músicos, atores, artistas plásticos, produtores culturais e quem mais quiser engrossar o coro orquestrado pelo médico e educador popular Vitor Pordeus, que coordena as atividades no espaço mostrando que arte e ciência caminham juntas: “Todo ser humano é criativo e curioso, todo ser humano é artista e cientista. A arte é o bem fazer, a ciência o bem saber. Não há uma sem a outra, nem a outra sem a uma”.
Nascido e criado em Realengo, Vitor Pordeus se formou em Medicina, realizou pesquisas em universidades brasileiras e em Israel até que, quando desenvolvia sua tese de doutorado na Universidade de São Paulo, foi expulso “por conflitos científicos e filosóficos”. “Nesse momento decidi estudar teatro e aí deu certo, pois me reaproximei da ciência, da medicina, da saúde pública. No fim de 2008, o secretário municipal de saúde Hans Dohmann me convidou para criar a pasta de saúde e cultura na secretaria municipal. Criamos o Núcleo de Cultura, Ciência e Saúde, os Agentes Culturais de Saúde, as Escolas Populares de Saúde, a Universidade Popular de Arte e Ciência, o Teatro de DioNises e o Hotel e Spa da Loucura nessa caminhada de cinco anos”.