Grupo de Estudo e Pesquisa das Artes Circenses (CIRCUS) – da Faculdade de Educação Física (FEF), da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Com todo movimento nos últimos 40 anos, no Brasil, o que se observa é que a linguagem circense, também chamada por alguns de técnicas ou atividades circenses, tornou-se uma prática que transcendeu o ambiente do circo de lona e as próprias escolas especializadas.
Nesse sentido, há muito tem despertado o interesse em particular de academias de ginásticas e clubes, ampliando o número de sujeitos praticantes daquelas atividades.
Dentre as técnicas circenses, uma das que mais se têm visibilidade atualmente é o malabarismo, que até 1970 era quase que exclusivamente praticado sob as lonas, tornando-se, após a década seguinte, uma das técnicas mais amplamente difundidas em todo o território brasileiro. Há inúmeras prováveis razões para isso:
– é possível realizar malabares com inúmeros objetos;
– o instrumento é mais acessível economicamente ou simplesmente pode ser confeccionado pelo próprio artista;
– é portável ou transportável com facilidade;
– estruturalmente é mais viável e, em função disso, o artista ou praticante da técnica pode exercer a atividade de malabares em qualquer lugar, frente a outras técnicas circenses;
– é de fácil iniciação e, nessa linha, também frente a outras técnicas, não oferece risco ao praticante.
Observa-se, também, que a prática do malabares teve um crescimento exponencial, sobretudo pela participação de jovens que não possuem nenhum tipo de vínculo profissional com as artes do circo. Embora o malabares seja tradicionalmente parte dessa linguagem, e, por conseguinte, de seus espetáculos, na atualidade esta atividade é realizada com os mais diversos objetivos (recreativo, educativo, artístico, social, etc.), com um amplo desenvolvimento e forte inserção na sociedade brasileira.
Seguindo a tradição e o modelo das Convenções europeias de malabares, que remonta a mais de meio século, alguns entusiastas brasileiros decidiram, em 1999, organizar um encontro, inicialmente com artistas profissionais e amadores nacionais, além de outros entusiastas que pudessem intercambiar conhecimentos. De lá para cá, tais encontros passaram a ser denominados Convenção Brasileira de Malabares e Circo (CBMC) (ver Anexo 5) e têm acontecido em diferentes cidades do País, sempre preparados por voluntários da localidade que a sedia na oportunidade.
A CBMC se apresenta como um dos eventos mais importantes para o malabarismo e a atividade circense em nosso país. Suas primeiras edições não se caracterizavam apenas pelo malabarismo e circo, mas também pela presença de música, principalmente percussão.
Além disso, não se apresentava com o título de Convenção, e sim de “Encontro”. Este evento segue, em geral, uma mesma estrutura com apresentações, treinos, competições, oficinas e cortejo pela cidade, sendo não apenas um espaço para aprimoramento técnico e treinamento, mas também para troca de informações, contatos, diversão e confraternização.
A CBMC tornou-se, depois de nove edições, o maior e mais esperado evento malabarístico do País, com a participação de centenas de artistas e entusiastas de todo o território nacional e de diversos países latino-americanos. Sua primeira edição aconteceu em 1999 em Maricá (RJ), e desde então não tem deixado de crescer.
Desta forma surgiu a convenção brasileira de malabares e circo (ver Anexo 5, histórico mais detalhado), que em sua nona edição, realizada em Curitiba (PR), obteve pela primeira vez o reconhecimento governamental ao ser contemplada com o Prêmio Carequinha de Estímulo ao Circo, oferecido pelo Ministério da Cultura via FUNARTE.
Em 2008, a CBMC celebrou sua décima edição, cujo projeto de realização se deu na cidade de Campinas (SP), mais precisamente nas dependências da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Esta edição foi organizada pelo Grupo CIRCUS e pela Faculdade de Educação Física, com apoio do Instituto de Artes e da Pró-reitoria de Extensão, mostrando o grande interesse da UNICAMP nas artes circenses e seus desdobramentos em suas atividades de ensino, pesquisa e extensão.
Quando da realização da IX CBMC na cidade de Curitiba (PR), por iniciativa do Prof. Dr. Marco Antonio Coelho Bortoleto, da FEF – UNICAMP, o Grupo de Estudo e Pesquisa das Artes Circenses (CIRCUS) decidiu realizar uma pesquisa cujo objetivo era elaborar um mapeamento dessa atividade – o primeiro realizado em eventos de encontros de malabares. Em parte, esta empreitada, desempenhada sem nenhum tipo de financiamento (público ou privado), por ação voluntária dos integrantes do Grupo CIRCUS, justifica-se, pois mesmo depois de diversas Convenções e inúmeros encontros nacionais, pouco se conhecia sobre este “Movimento Malabarismo” no Brasil em toda a sua capilaridade.
Para a coleta de dados na IX CBMC, de 2007, realizada em Curitiba (PR) no Clube Banespa, foi elaborado e aplicado um questionário (Anexo 1). Já para a X CBMC, de 2008, realizada em novembro de 2008 na UNICAMP, em Campinas (SP), o questionário foi reelaborado e modificado em diversos aspectos, sendo novamente aplicado entre os participantes do encontro. A partir dos dados obtidos por meio dos questionários, procuramos traçar um panorama da atividade malabarística e circense, tomando como referência as duas edições da CBMC3 mencionadas anteriormente.