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Que crise essa nossa de ser artista!

Celso José é formado pela Escola Nacional de Circo e atualmente trabalha no elenco e na técnica do Circo Roda.

Que crise essa nossa de ser artista! Mentes que não param de criar, imaginar e recriar, inovar, repetir…. mentes que beiram a ilucidez por estarem sempre ansiosas por uma nova experiência, se colocando, assim, à boca de um abismo infinitamente repleto de conquistas e frustrações, sonhos e catástrofes, amores e loucuras, loucuras e amores….Mentes que como vagões de um trem se conectam uma a outra, numa velocidade inquieta que sonoramente embalam o próprio sono, um sono sem destino certo! Mentes que despertam ao leve e instigante prazer de uma nova chegada e choram e sangram a nostalgia e a saudade de toda e qualquer despedida! Mentes que acolhem tudo e a todos aonde chegam, como uma lona de circo, que abraça gente, bichos, objetos, emoções, riscos e palhaçadas….sempre sedenta por um novo espetáculo! Mentes que questionam a realidade como um físico e brincam de floreá-la como uma criança! Que crise essa nossa de ser artista! Eternos insatisfeitos como todo ser humano comum e ainda potencializados pela alma emotiva de dois gumes, que nos corta o peito quando nos sentimos fragilizados e ao mesmo tempo nos veste com uma armadura de arlequim para mudar o mundo. Mudar o mundo! Que crise essa nossa de artista??? Essa missão nos foi dada por natureza ou a assumimos por instinto criativo de sobrevivência? Será que somos mesmo assim….tão especiais? Ou será só uma leve tendência a desinibição e a extroversão? Será que somos realmente tão egocentricos ao ponto de não conseguirmos nos igualar aos médicos que trazem a cura, aos advogados que trazem a justiça ou aos garis que trazem a limpeza? Ou somos humildes o suficiente para entender a pureza de cada tarefa que leva o sorriso e a alegria ao rosto do seu próximo, cada uma à sua maneira? Que crise essa nossa de ser artista! Questões eternas! Nos pés que nos levam a vida, meias furadas e calçados de couro! De malha ou calça jeans, pernas sempre dispostas! Uma camisa velha, dada por um amigo aquece o peito velho de guerra e ainda cheio de ternura! Na mochila, insegurança e perseverança chacoalham juntas disputando espaço com o figurino, a maquiagem, uma garrafa d´água e uma banana! Nos olhos, esperança e compaixão se revesam num bailado romântico! Na boca, um leve sorriso amedrontado e sarcástico, puro de tão bruto! Na cabeça, muitas, muitas idéias…e vontades…..e um velho chapéu de palhaço! E na alma, devastada por outras encarnações, uma semente pulsante, quente como o fogo, forte como a rocha, suave como o vento, fertilizante como a terra, transparente como a aguá……o AMOR! Obrigação nossa passar adiante! Que crise essa nossa de ser artista?????? Nos entreguemos a jornada do AMOR! Vamos juntos nessa caravana maravilhosa que é a vida! Juntos com todos esses milhões de artistas que chamamos de ser humano, cada um com seu número mudando o mínimo em prol da máxima potência do universo, O BEM!

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