Artigos

Respeitável público, eis o novo Centro de Memória do Circo

centro-de-memoria

Espaço inaugurado hoje, no Largo do Paiçandu, abre o baú de lembranças de mais de um século de história Edison Veiga

Senhoras e senhores, não há endereço mais emblemático para abrigar a memória do circo brasileiro do que o Largo do Paiçandu, no centro de São Paulo. E, que rufem os tambores, pois, às 17h30, o espetáculo vai começar. Sem lona nem picadeiro, mas com muito fôlego, o Centro de Memória do Circo será inaugurado, pela Secretaria Municipal de Cultura, na Galeria Olido. “Há muito tempo o circo merece esse espaço”, comemora a pesquisadora Verônica Tamaoki, coordenadora do museu. “Afinal, durante décadas, era a única manifestação artística que atingia todos os recantos do País.”

O Centro de Memória nasce com a reunião do acervo preservado de dois dos maiores circos brasileiros: o Nerino (que funcionou entre 1913 e 1964) e o Garcia (de 1928 a 2002). São mais de 23 mil itens, entre fotos, vídeos, jornais e objetos. E curiosidades que permaneciam no baú, como a história de que, entre 1955 e 1964, o Garcia, tal e qual um Cirque du Soleil, rodou o mundo, sob o nome Circo Brazil. “A história oficial do circo do mundo não sabe que uma companhia brasileira realizou isso”, comenta Verônica.

Durante ao menos dez anos, essas preciosidades ficaram guardadas na sala da casa da pesquisadora, no bairro da Bela Vista, centro da capital. Ela os recebeu dos próprios herdeiros das companhias e viu a oportunidade de preservar a história. “Acredito que era nossa última chance, porque senão esse capítulo ficaria perdido”, desabafa. Ironicamente, nas últimas semanas, a situação se inverteu: o volume de trabalho na organização do acervo fez com que o Centro de Memória quase se transformasse na casa de Verônica. Para marcar a inauguração, uma série de debates deve acontecer ali, até o fim do mês.

O Largo do Paiçandu, onde fica a Galeria Olido, está intimamente ligado à história do circo. “No século 19, muitos se apresentaram neste endereço, que acabou se tornando um terreno sagrado do circo”, conta.

Bares localizados na região alternaram-se, ao longo dos anos, como ponto de encontro de artistas – costume que, com menor força, ainda sobrevive. Essa história foi contada em exposição realizada em julho do ano passado, na própria galeria. Era um prenúncio do Centro de Memória que será aberto hoje ao respeitável público.

Programação

Debate “Circo: Patrimônio Cultural Brasileiro”, terça-feira, 10h
Debate “Circo e Animais”, terça-feira, 15h
Debate “Gestão”, quarta, 10h
Debate “Escolas de Circo”, quarta, 15h
Depoimento “A Mulher do Circo”, dia 23, 14h
Aula-espetáculo “Circo Nerino”, dia 23, 16h
Debate “Patrimônio Cultural Imaterial”, dia 25, 16h
Homenagem a artistas e familiares do Circo Garcia, dia 30, 14h
Lançamento da pesquisa “Circo Garcia”, dia 30, 16h
Centro de Memória do Circo. Galeria Olido. Avenida São João, 473, centro. Informações: 3397-0171.

Related posts

O malabarismo como protocolo de transformação do corpo e das coisas em position parallèle au plancher (P.P.P.) de Phia Ménard (pdf0

Silva

Anjos e pernas: a “moça de circo” no imaginário artístico brasileiro (pdf)

circon

O corpo do perfomer no circo e no circo social (pdf)

circon

Leave a Comment