A metáfora do Bogatyr: O corpo acrobata e a cena russa no início do século XX (pdf)

Ferreira, Marcos Francisco Nery. A metáfora do bogatyr : o corpo acrobata e a cena russa no início do século XX . São Paulo: Dissertação (Mestrado em Artes) – Universidade Estadual Paulista – UNESP, Instituto de Artes, 2011.

RESUMO: O objetivo desta pesquisa é abordar as potencialidades cênicas do corpo acrobata durante o início do século XX na Rússia. Para tanto, foram adotadas como referência as experimentações cênicas do encenador e pedagogo Vsévolod Emilievitch Meierhold, consolidadas nas duas encenações de Mistério-Bufo (1918 e 1921), dramaturgia de Vladímir Maiakóvski. No primeiro capítulo, O pensamento russo e o desejo do corpo acrobata: final do século XIX e início do XX, o intuito é contextualizar e fundamentar a aproximação das artes circenses e teatrais na Rússia em tal período. O capítulo aborda o pensamento russo e o ideal de “novo homem”, que encontrou sua expressão nas artes e na literatura. As atividades de Meierhold e Maiakóvski estão atreladas a essa conjuntura. No segundo capítulo, O corpo acrobata na pedagogia de V. E. Meierhold, o objetivo é abordar o trabalho pedagógico meierholdiano nos anos que antecederam a Revolução de 1917, sob a ótica do processo de “cirquização” do teatro. A obra de Meierhold apresenta um vasto material de investigação sobre o assunto e engendra não só transformações no espetáculo teatral como influencia diversos grupos e artistas do período. Por fim, no terceiro capítulo, A “cirquização” do teatro: Mistério-Bufo (1918 e 1921), de Meierhold-Maiakóvski, procurou-se analisar a condição do corpo acrobata na obra e nas encenações. Detecta-se nos espetáculos princípios e procedimentos experimentados por Meierhold nos anos pré-revolucionários, bem como a apropriação e utilização de elementos circenses. Este trabalho revela que, na Rússia, grande parte dos artistas e intelectuais se voltou para as atividades circenses no início do século XX, já que nesse momento havia o desejo do “novo homem”, o herói eslavo harmônico e belo. A destreza, o vigor e a audácia do acrobata casa perfeitamente com tal ideia e, não por acaso, os procedimentos acrobáticos influenciam a cena russa nesse período.

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