As trilhas do riso num “Teatro Brasileiro Peculiar” (Uma leitura do cômico no Auto da Compadecida)

Oliveira, Marilu Martens de – As trilhas do riso num “Teatro Brasileiro Peculiar” (Uma leitura do cômico no Auto da Compadecida). Londrina: Universidade Estadual de Londrina – Letras. Dissertação de Mestrado, 1998.

RESUMO: Este trabalho objetiva o exame da posição de Ariano Suassuna, um erudito, num confronto com o chamado Romanceiro Popular do Nordeste; sua busca de realização de um “teatro brasileiro peculiar”, que alcance o espírito dos espetáculos populares, estruturados nas diversas formas do cômico. Para tanto, o auto será analisado em seus aspectos genéricos e, especificamente, far-se-á um levantamento de suas fontes e como elas foram reaproveitadas, para o autor chegar ao seu objetivo. As preocupações básicas serão o estudo do cômico, bem como do auto, como estrutura dramática, já consolidada, tornada tradição nos palcos brasileiros. Para tanto, o percurso a ser realizado obedecerá às seguintes etapas: na Introdução (Prólogo), uma breve explicação metodológica e apresentação do estado da arte. No primeiro ato, será traçado um panorama geral da proposta de trabalho, do projeto estético de Ariano Suassuna e de seu engajamento no teatro de Pernambuco, teatro nacional e popular, embora o autor nunca tenha chamado sua obra de popular, mas sim de peculiar. Um olhar sobre o passado verificará as fontes do auto, que apontam para o teatro medieval (sacro e profano) e seus avatares, estabelecendo-se a partir do século XVI, no Brasil, o uso do auto, como forma dramática, e que continuará presente nos palcos brasileiros, principalmente no século XX, o que é praticamente ignorado nos estudos sobre teatro até agora realizados. Será apresentado um levantamento de autores significativos e suas respectivas obras, comprovando essa tradição. No segundo ato, a partir de reflexões sobre a comédia e o cômico, verificar-se-á a estrutura formal do Auto da Compadecida, estrutura híbrida: é circo, é Mamulengo, é Bumba-meu-boi, é folheto, é commedia dell´arte, é farsa. É o cômico caminhando por sendas estrangeiras (Aristófanes, Menandro, Plauto, Ruzante, Molière e Gil Vicente) e veredas brasileiras (o mundo da Oralia e dos folguedos populares). No terceiro ato apresentar-se-á uma visão do mundo da Compadecida, que é de risos e não de lágrimas. E partindo desse pressuposto, o auto será analisado sob duas perspectivas: a do riso bakhtiniano, carnavalizado, e a do riso bergsoniano. Será realizado um breve confronto entre as obras de Gil Vicente (O juiz da Beira), Brecht (O círculo de giz caucasiano) e Suassuna (Auto da Compadecida): teatro épico, cômico, crítico.

Related posts

Palhaços: poética e política nas ruas. Direito à cultura e à cidade (pdf)

circon

A transdisciplinaridade do circo (pdf)

Daniel Lopes

Teatro plural: a multiplicidade de linguagens

circon