Páteo, Maria Luisa de Freitas Duarte do – Bandas de música e cotidiano urbano. Campinas: Universidade Estadual de Campinas – Antropologia Social. Dissertação de Mestrado, 1997.
RESUMO: Trata-se de uma pesquisa sobre as bandas de música e os diferentes significados e redes de relações que elas estabeleceram no cotidiano das cidades, em particular na cidade de Campinas, nas três últimas décadas do século XIX, quando elas emergem enquanto organização musical. Das fazendas à cidade, das igrejas ao Carnaval, do teatro às praças, dos clubes às ruas, do circo ao cinema, mais do que qualquer outra expressão cultural estruturada no período, as bandas transitaram por territórios e situações sociais diversas, revelando-se uma expressão musical e cultural emblemática no cotidiano; mais do que uma opção lúdica e de entretenimento, estimularam uma nova forma de viver a cidade. Uma cidade que ao ritmo das transformações por que passava (iluminação pública, transportes menos precários, calçamento, urbanização das praças, diversificação das opções culturais – teatro, clubes, circos, espetáculos itirerantes, hipódromo, etc) incorporava às ruas e praças, um sentido até então não experimentado: espaço de sociabilidade, de germinação de cultura, passarelas de urbanidade. Ao mesmo tempo pertencendo e constituindo este cenário urbano em transformação, as bandas alteravam, quando não muito reinventavam o cotidiano, introduzindo momentos de saudação, homenagem, vitalidade, folia, distração, sociabilidade através de sua performance musical. Enquanto um ritual musical coletivo que envolve gestos, instrumentos, vestimentas, personagens – aquele que toca, aquele que escuta, aquele que rege, aquele que passa – a presença das bandas no cotidiano caracterizou um momento especial onde determinados contextos e relações adquiriram um sabor diferente daqueles estabelecidos no dia a dia. O que se pretendeu nesta dissertação então, foi entender por quê a banda de música, enquanto um gênero musical, emerge e se transforma num agente cultural emblemático no cotidiano das cidades num determinado período de sua história; que contexto cultural e histórico é este, o quê estavam significando naquele momento, que tipo de interferência provocaram na cidade, nos grupos, nas pessoas quando saíam tocando seus clarins, trombones e bombardinos.