Ciganos acampam em instituições de ensino superior: panorama das ações afirmativas para acesso dos povos ciganos ao ensino superior no Brasil através do itinerário autoetnográfico de um cigano estudante (pdf)

FERNANDES FILHO, Roi Rogeres. Ciganos acampam em instituições de ensino superior: panorama das ações afirmativas para acesso dos povos ciganos ao ensino superior no Brasil através do itinerário autoetnográfico de um cigano estudante. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia, Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos, Salvador, 2023.

 

RESUMO:
Já não há mais uma face branca e única a representar os (as) estudantes que acessam o ensino superior no Brasil. Visivelmente mais pessoas negras, indígenas, trans, têm acesso ao ensino superior que hoje é mais inclusivo, diverso. Entretanto, mesmo que Lei nº 12.711/2012, que instituiu as cotas não tivesse previsto que os povos ciganos figurassem segmento beneficiário, podemos afirmar que, dentre as repercussões do processo de democratização de acesso ao ensino superior no país ocorridos nos primeiros anos dos séculos XXI, observa-se atualmente a presença de ciganos em instituições do ensino superior. De natureza qualitativa, a pesquisa toma a Revisão Narrativa como método na primeira sessão, para contribuir com a compreensão sobre qual é a situação dos povos ciganos no ensino superior brasileiro? Seu objetivo é apresentar um panorama, mapeando as Universidades e Instituições de Ensino Superior que atualmente promovem políticas afirmativas voltadas para os Povos Ciganos. A partir da interdisciplinaridade, o conceito de ações afirmativas é usado para tecer reflexões narrativas críticas, apontando para a necessidade de ampliação desse dispositivo. Aponta para a necessidade de outros atores/autores, de preferência, outros(as) ciganos(as), possam narrar criticamente os alcances, as lacunas, e a aplicabilidade prática das políticas afirmativas, estratégia fundamental para processo de ciganização das universidades e institutos de ensino superior do Brasil, apresentando um mapeamento das IES e PPGs que as promovem em benéfico dos ciganos. Consideramos, na segunda parte do trabalho, que a história do circo no Brasil não seria a mesma sem a contribuição dos Povos Ciganos. Isso se apresenta por meio das imbricações entre diversos elementos: as lonas, as filosofias, os símbolos, os modos de organização e de vida, as características e tradições desses dois mundos. Assim, a pesquisa narra, ainda, a itinerância educacional de um cigano estudante de tradição circense a partir de um ângulo de visão autoetnográfico para responder a uma outra questão: quais são os dilemas que atravessam um cigano estudante no ensino superior? No picadeiro, reflete-se os dilemas de estudantes ciganos/as no ensino superior; e compreende-se os desafios que os atravessam nesse itinerário, enquanto objetivos específicos do número. Levanto as lonas do circo, designo “ciganenses” os povos ciganos de tradição circense, para iluminar a história do circo aludida aos Povos Ciganos. A voz aqui é a de um cigano estudante de tradição familiar circense, cuja trajetória educacional é fruto das ações afirmativas, assumo, portanto, o lugar de defensor dessa política de reparação, bem como da criação de novas estratégias políticas e pedagógicas, que não nos afastem, mas antes no aproximem do ambiente educacional como em um espetáculo circense. Levantam-se as cortinas e tenham todos um excelente espetáculo!!

 

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