Romão, Anna Luiza Ferreira. Entre Escolas, Clubs e Sociedades: as Gymnasticas tecidas por professores no Rio de Janeiro (1850-1900). Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais – Faculdade de Educação. Dissertação Mestrado, 2016.
Este estudo visa a trazer contribuições para o campo de pesquisa que investiga a História da Ginástica no Brasil. A partir de diferentes contextos do Rio de Janeiro, e tomando como eixo norteador dois professores de Gymnastica, meu objetivo é compreender de que maneira a Gymnastica foi se forjando em terras fluminenses, ao longo da segunda metade do século XIX. Nesse percurso, enfatizo a participação de Paulo Vidal e Vicente Casali que, ao circularem por diversas e distintas instituições escolares e não escolares, construindo suas redes de sociabilidade, sistematizando e divulgando suas práticas e saberes, contribuíram para seu processo de constituição e afirmação, ao mesmo tempo em que também foram se forjando como professores de Gymnastica.
O corpus documental aqui analisado é constituído por jornais e revistas que circularam no Rio de Janeiro, entre 1850 e 1900; Parecer de Rui Barbosa (1882); Atas e Pareceres do Congresso da Instrucção do Rio de Janeiro (1884); discursos proferidos pelos diretores de algumas instituições, nos quais apresentaram um breve histórico desses lugares de ensino e formação; folhas de vencimentos; relação do corpo administrativo e docente; programas de ensino da cadeira de Gymnastica; cartas escritas pelos professores de Gymnastica e encaminhadas aos diretores ou reitores das instituições; pedidos de compra e reparos nos aparelhos que davam suporte às aulas de Gymnastica; Estatutos, Regulamentos e Regimentos Internos que organizavam e estruturavam as instituições; contratos e pedidos de exoneração de professores/mestres de Gymnastica; quadros de horários de diferentes instituições.
Inicialmente, apresento um panorama do Rio de Janeiro, identificando as instituições por onde circularam Paulo Vidal e Vicente Casali, buscando identificar elementos que constituem as suas redes de sociabilidade, e atentando para os encontros e as trocas que esses sujeitos estabeleceram nas diversas esferas da sociedade fluminense. Em seguida, abordo a presença de estrangeiros no Rio de Janeiro e as suas contribuições para a estruturação e modernização da cidade. Tomo como referências três instituições não escolares: uma francesa – a Sociedade Franceza de Gymnastica – e duas portuguesas – o Club Gymnastico Portuguez e o Congresso Gymnastico Portuguez –, pelas quais circularam tanto Paulo Vidal quanto Vicente Casali. Considerando as ideias e os movimentos empreendidos naquele momento, busco compreender as suas formas de funcionamento e organização, enfatizando a presença da Gymnastica e os vestígios que a caracterizavam como uma prática forjada nesses espaços de sociabilidade. Por fim, busco compreender como a Gymnastica adentrou as instituições escolares, e de que modo esses lugares foram conformando-a, atentando para as suas regras e normatizações, formas de organização e funcionamento. Nesse último capítulo, analiso mais detidamente o Collegio Pedro II e a Escola Normal da Côrte. De forma complementar, enfatizo as instâncias, bem como os sujeitos que produziram discursos em defesa da prática da Gymnastica, no decorrer da segunda metade do século XIX.
Palavras-Chave: Gymnastica; instituições escolares e não escolares; professores de Gymnastica.