O trampolim da razão subalterna, circo social e o pensamento social de nuestra América (pdf)

MANCILLA, Claudio Andrés Barría. O trampolim da razão subalterna, circo social e o pensamento social de nuestra América. 274 p. Dissertação (mestrado). Universidade Federal Fluminense, Programa de Pós-Graduação em Educação, Niterói, 2007.

Resumo: A pesquisa fundamenta-se a partir de três linhas de reflexão: a prática social e discursiva de um conjunto de educadores populares da ONG Se Essa Rua Fosse minha, que dera origem ao conceito de Circo Social; repensar a base epistemológica do saber científico moderno; e a busca por novas matrizes do pensamento social. A estreita relação entre teoria-empiria-fazer político resulta num exercício de pensamento e resiginificação de relações sociais realizado a partir de uma prática dada, existente e em constante transformação: o Circo Social do Se Essa Rua. Argumenta-se que os elementos achados na prática social e discursiva do Circo Social do Se Essa Rua, isto é, nos discursos e práticas dos que estão envolvidos nesse fazer específico, bem como os enlaces desse pensamento com as matrizes históricas do pensamento social de Nuestra América, permitem desvelar uma racionalidade diferente da clássica. Repensar a base epistemológica do saber científico moderno e, portanto, do pensamento social clássico, implica uma reflexão sobre a historicidade de sua matriz de pensamento: isto é, sua colocação no tempo e no espaço determinados em que surge e as condições geopolíticas históricas do seu desenvolvimento. Requer ainda a compreensão do processo de sua legitimação como forma moderna de saber científico universal sobre outros saberes. Esse empreendimento se desdobra numa revisão das bases conceituais e formais do modelo clássico de legitimação do ideal de saber. Ao invés de aplicar conceitos desenvolvidos no âmbito do pensamento social clássico, herdeiro da matriz da razão moderna, a busca por novas matrizes do pensamento social ressalta aquelas construídas ao longo da história na subalternidade à procura de um
saber acumulado através das lutas dos povos oprimidos. O pensamento social de Nuestra América – conceito martiano que tem marcado o pensamento social da região – apresenta-se assim como contribuição aos estudos das Ciências Sociais. O debate travado se deu em diálogo com um conjunto de autores, tanto do Velho Continente, ligados à tradição do pensamento crítico, por sua reflexão em oposição ao capitalismo e à idéia de civilização e progresso (Marx, Thompson, Gramsci, Williams, Benjamin, entre outros), como por aqueles que representam o pensamento social de Nuestra América (Martí, Bilbao, Mariátegui, Freire, Paz, Chauí, Ribeiro, entre outros) e os que vêm desenvolvendo reflexões sobre os estudos subalternos latino-americanos (Mignolo, Quijano, Retamar, Dussel, Sotolongo, Delgado, e outros).

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