Os circenses e seus saberes sobre o corpo, suas artes e sua educação: encontros e desencontros históricos entre circo e ginástica (pdf)

LOPES, Daniel de Carvalho. Os circenses e seus saberes sobre o corpo, suas artes e sua
educação: encontros e desencontros históricos entre circo e ginástica. 193p. Tese (Doutorado).
Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2020.

RESUMO: No decorrer do século XIX e início do XX o circo foi um dos pioneiros e principais espaços de difusão de imagens e informações sobre as práticas ginásticas, mesmo que questionado e combatido por parte daqueles que defendiam uma ideia científica de educação do corpo ligada aos intuitos de controle, disciplina e desenvolvimento de hábitos higiênicos (MELO e PERES, 2014). Nesse sentido, pretendemos por meio desta pesquisa tratar dos entrelaçamentos históricos entre as artes circenses e a educação física no Brasil no decorrer do século XIX e início do XX, tendo como objetivo evidenciar os saberes dos circenses no que tange o corpo, a produção do espetáculo e os processos de formação no âmbito do próprio circo, destacando o quanto os circenses sempre foram detentores de múltiplos conhecimentos e práticas ligados
ao corpo decorrentes da elaboração e fazer de sua própria arte e sedimentados nos processos de formação, socialização e aprendizagem operados dentro do próprio modo de organização e produção do circo como espetáculo (SILVA, 2007; 2009). Assim, buscamos compreender como e por quais razões circo e ginástica estruturaramse como áreas que se influenciaram, misturaram e se confrontaram, analisamos a atuação de diversas companhias circenses que estiveram no Brasil no século XIX e o quanto o circo consolidou-se como um espaço de difusão de diversas práticas corporais, tendo os circenses assumindo-se como mestres em ginástica e equitação (LOPES e SILVA, 2015); a trajetória do circense Vicente Casali, um dos mais ativos professores de ginástica, esgrima e natação em dezenas de instituições fluminenses em fins do século XIX; a intensa atividade como s
portsman, professor, artista e diretor circense do atleta José Floriano Peixoto no início do século XX; e, por fim, a composição da obra Pequeno Tratado de Acrobacia e Gymnastica, escrita pelo circense Raul Olimecha na década de 1920. Frente à esta proposta de análise, realizamos o levantamento e cruzamento de diferentes fontes como livros, iconografias e, principalmente, 189 diferentes títulos de jornais de oito estados brasileiros nos quais obtivemos aproximadamente 1819 ocorrências referentes à produções circenses diversas, à Vicente Casali e José Floriano Peixoto, bem como o livro de Raul Olimecha, publicado em 1933, consultados no Centro de Memória do Circo (SP), Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional (RJ) e CEDOC-FUNARTE (RJ). Evidenciamos, desta forma, os circenses como detentores de práticas e saberes sedimentados em seus complexos processos de formação a respeito da produção de seus espetáculos, sobre o corpo e a ginástica, significativos para a constituição da educação do corpo gestada no período abordado.

Palavras-chave: Circo; Ginástica; História; Educação Física; Educação

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