SANTOS RODRIGUES, Gilson. Pedagogia das atividades circenses na Educação Física escolar: experiências da arte em escolas brasileiras de Ensino Fundamental. Dissertação (Mestrado em Educação Física), Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação Física, Campinas-SP, 2018.
A Educação Física escolar é uma das “portas de entrada” do Circo na escola. Todavia, questiona-se: “como a temática circense vem sendo incorporada por professores e instituições na Educação Física escolar?” E, “como as experiências desse processo podem contribuir com outros docentes que desejam abordar esse tema em suas aulas?” O objetivo da presente pesquisa é “descrever, compartilhar e analisar as experiências do processo de incorporação da temática circense na Educação Física escolar realizadas em duas escolas públicas brasileiras.” Atinente ao percurso metodológico foi feito mapeamento de professores e instituições aptos para a pesquisa de campo. Para levantamento de informações realizou-se observação, entrevista semiestruturada e análise documental em duas escolas públicas de Ensino Fundamental. Na análise realizamos leituras, destaques das Unidades de Significado, conversão do discurso ingênuo em discurso educacional, criação de Unidades Temáticas e a construção dos resultados numa matriz nomotética. O estudo aponta que o fenômeno circense refere-se ao espetáculo como a obra de arte e cuja existência se expressa em potência e ato. Em essência a arte circense é uma linguagem, manifestação lúdica, relação antinômica e dialógica e rizoma. Dentre várias possibilidades, o Circo pode ser uma temática pertinente à Educação Física escolar. A pesquisa de campo mostrou que o contexto e a relação com os espaços arquitetônicos são particularidades de cada escola que pode influenciar nas aulas, não obstante, tais aulas são regidas por uma ordem escolar que lhes condicionam uma forma escolar, isto é, imputam-lhes limites e possibilidades as quais a arte circense precisa adaptar-se. As entrevistas mostraram duas professoras dedicadas à docência, pesquisadoras da escola e sensíveis à arte de picadeiro. A incorporação do tema foi motivada pelas experiências pessoais e pela formação inicial de cada docente. Os casos investigados confirmam que os professores são figuras centrais no processo de incorporação da temática circense nas aulas de Educação Física, entretanto, indícios apontam que o tipo de apoio da gestão escolar pode condicionar a qualidade do trabalho desenvolvido. A observação e análise dos Planos de Aulas revelaram propostas de aulas distintas: na “escola 2” há proposição de atividades aludidas às representações do Circo com vivências acrobáticas, malabarísticas e encenação; as rodas de conversa são usadas para mediar a vivência com as representações circenses, a reação das crianças é favorável e a participação é total. Na “escola 3” há atividades de criação/experimentação, treino/ensaio e apresentações coreográficas, as rodas de conversas mediam as vivências com as representações e as rodas de apresentação abordam temas essenciais do espetáculo circense, a reação das crianças variam passando pelas zonas da negação e aceitação. A descrição destes casos não permite afirmar a priori o que é bom ou ruim para cada realidade escolar, todavia, descreve e compartilha experiências docentes em contextos singulares, sob uma mesma ordem, duas professoras que vêm incorporando a temática circense em suas aulas, dispondo de escolhas didático-pedagógicas, enfrentando desafios e logrando êxitos nesse processo. Por fim, esta pesquisa, como uma experiência compartilhada, pode representar o ponto de partida para outras experiências pedagógicas com Circo na escola.