BARRETO, Mônica (Lua) Alves. Quando o circo atravessa a rua: a formação do artista e sua relação com os espaços públicos. 363p. Tese (Doutorado). Faculdade de Educação Física, Universidade de Campinas, Campinas, 2022.
Resumo: A ocupação e o uso dos espaços públicos emergem recorrentemente nos debates sociais, revelando repercussões nas mais diversas atividades humanas, incluindo as de natureza educacional e cultural. No interior desse debate, em pleno século XXI, notamos questionamentos sobre a pertinência da atuação artística nesses espaços. De modo mais específico, nos interessa discutir como as instituições formadoras de artistas circenses tratam os múltiplos espaços de atuação, particularmente os espaços públicos (praças, ruas, feiras, becos, entre outros). Embora sejam amplas as evidências da ação regular de artistas circenses nesses espaços, a ocupação ou não dos espaços públicos pela arte/cultura ainda suscita importantes disputas e debates na sociedade brasileira. É nesse cenário que essa tese se desenvolve, objetivando entender como o processo formativo do artista circense dialoga com as particularidades da atuação nos espaços públicos. O estudo partiu de um exaustivo levantamento das instituições e espaços de formação em circo no Brasil, seguido da análise documental de matrizes curriculares, estatutos e projetos políticos pedagógicos, visando uma primeira aproximação com o problema em análise. Posteriormente, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com três profissionais de cinco instituições selecionadas, incluindo coordenadores, diretores e professores. De modo complementar, foi aplicado um questionário aos egressos dessas instituições. A pesquisa aponta para a urgência de políticas públicas para o fortalecimento do ensino de circo no Brasil, bem como para desenvolver uma distribuição menos desigual de instituições pelo território nacional. Também chama a atenção para a necessidade de as instituições considerarem os conhecimentos do circo de rua na formação do artista de circo no Brasil, visto que, apesar dos espaços públicos terem se apresentado como um lugar vital para a manutenção do artista, os conhecimentos voltados para a atuação nesses espaços encontram-se de forma dispersa e pouco estruturada, nas instituições pesquisadas.
