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Vida de circense: encantos e desencantos

Reportagem realizada por Fernanda Moreira Tolentinho, publicada na Agência Experimenta de notícias do Centro Universitário de Araraquara – Ageuniara.

Vida de circense: encantos e desencantos

A vida do circo traz por atrás do ilusionismo e da magia, uma realidade dura e fora do comum, jovens e famílias que se submetem a fazer da sua arte a felicidade alheia, para assim, terem seu ganha pão.

Diferente dos trabalhos convencionais remunerados o circo é um dos tipos de emprego que dinamizam a vida de seus participantes. Ora estão em uma cidade, ora em outra, uma legítima vida de cigano. E, não se sabe o que vem pelo futuro, seja ele um futuro mais longínquo ou seja um futuro mais próximo, como o amanhã.

Expectativas, dúvidas, incertezas e alegrias são palavras ativas na vida dessas pessoas que driblam suas dificuldades com criatividade.

Acostumado a viajar pelo país, Carlos Antonio Rodrigues, conhecido como o palhaço Maxixinho do Circo Fantástico, acompanha o circo por onde ele for, junto de sua esposa que atua na venda de alimentos quando tem espetáculos, e de sua filha, Karlênia Rodrigues, com apenas 16 anos que é a contorcionista do circo, e já herdou do pai a paixão pelo mundo da magia e fantasia.

Ele conta que vê o circo como uma cidade sobre rodas. “Onde o dono do circo é o prefeito, o delegado, é tudo”. Mas ressalta que resolvem tudo como se fossem uma grande família.

Os números que tanto divertem a platéia são feitos por todos, mas cada um tem seu salário, ganham pouco, mas eles têm a liberdade de arrumar um emprego, ou como disse Rodrigues, “um bico” na cidade onde estão se alojando.

Karlênia sente as dificuldades na hora dos estudos. Não é fácil dar continuidade e acompanhar as matérias em uma escola só. Conforme o circo muda de cidade ela muda de escola e seu pai não permite que ela fique sem estudar, por isso é sempre matrícula em escolas diferentes, mesmo que fiquem na cidade por uma semana.

A vida é dura, porque além de ter tempo para se dedicar aos estudos a filha também tem que treinar todos os dias seu número, para ter a certeza de que nada sairá errado na hora do show. Mas apesar de tudo, Rodrigues, que há 20 anos dá vida a um palhaço no picadeiro, se emociona ao falar da filha e da satisfação de conseguir passar adiante a tradição da família de artistas circenses que começou com seu avô.

A vida desses artistas é retratada em inúmeros filmes e documentários. O filme “O Palhaço”, por exemplo, com os atores Paulo José e Selton Mello, que se passam como pai e filho, são donos de uma trupe de circo Old school que perambulam pelo interior do Brasil levando o circo Esperança a lugares desconhecidos pela maioria dos moradores de grandes cidades.

O que comove ao ver o filme não é a pobreza da vida dos atores circenses,mas apesar dos infortúnios da vida da estrada, eles compartilham momentos tristes e alegres juntos, como uma família.

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